terça-feira, 29 de abril de 2008

O Meu peixinho vermelho




O meu peixinho vermelho!



Mário d’Araújo




Na foto: em cima - Oranda Capuchinho


em baixo - Oranda Vermelha






Claro que vou ter que tratar dele. Mas como?


Para começar não devo bater no aquário (isso assusta-o!) e como ele é pequenino, come muito pouco, por isso só uma folhinha ou duas de comida, o sera goldy é delicioso (Atenção! É só para peixinhos) e já está de barriga cheia. Não dou comida demais porque senão também se estraga e acaba por sujar a água.


E por falar em água ... a água da torneira traz CLORO (para desinfecção) mas o meu peixinho não gosta mesmo nada disso e pode até morrer. Então o que é que eu faço para mudar a água do aquário? E quando é que tenho de fazer isso?


Vamos tentar ensinar-te: arranjas um produto que elimine (ou seja, que faça desaparecer) o CLORO da água. Qual? O sera aquatan é uma boa escolha. E pelo menos uma vez por semana vais mudar o teu novo amigo para um pequeno recipiente com um pouco de água do aquário e deitas a outra fora. Depois lavas-lhe a casa toda: a areia do fundo, as pedritas, e outras coisas que tu gostas de lá ver. Pões tudo dentro do aquário outra vez e vais então enchê-lo com água nova, tratada com o sera aquatan. Esperas alguns minutos (10 a 15) e deixas que o teu surpreendido companheiro (fechado num pequeno copo) volte para a sua casa com aquele bocadinho de água onde o deixaste. Percebido? Boa sorte!



Ficou bonito não ficou?


Agora só vais ter que escolher um nome para o teu novo companheiro ....




Na foto acima - Cometa Branco de Véu


marioadearaujo@gmail.com

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Notas Soltas

Notas soltas

Mário d’Araújo

As algas ...

essas indesejáveis habitantes dos nossos aquários e lagos ...

... ou será que não?

O potencial antibacteriano das algas

Botânica Marinha 43 (2000), Kumar K.A. & Rengasamy R.

Muitas algas contêm um diversificado e ainda desconhecido conjunto de substâncias biològicamente activas e é um dado adquirido que muitas delas são eficazes no controlo de agentes patogénicos, variando com as estações do ano e da adaptação das mesmas às zonas onde se encontram. Foram feitos muitos estudos no passado, para determinar qual o potencial das algas no controlo de agentes patogénicos humanos, como vírus, bactérias e fungos. Daqui resultou a determinação do potencial bacteriano de 11 espécies de algas recolhidas ao longo da costa da Índia, em várias preparações com diferentes concentrações. As fracções não saponificadas das algas verdes e vermelhas foram as que demonstraram maior actividade bacteriana, mas mesmo as que foram tratadas com petróleo e éter indiciavam uma discreta eficácia. No caso das algas castanhas, obtinha-se a máxima actividade efectuando a extracção com álcool etílico. O estudo levou à identificação das algas com actividade bacteriana mais elevada: Enteromorpha flexuosa, Sargassum wightii, Turbinaria conoides e Padina boergesenii. Outras espécies, do género Graciliaria, Hypnea, Spiridia, Chnoospora e Ulva mostravam índices reduzidos de actividade. Ficou também demonstrado que as mesmas espécies recolhidas em estações do ano e zonas diferentes, apresentavam actividades diferentes. Seria do maior interesse desenvolver tecnologia que utilizasse as algas marinhas para curar as doenças dos peixes de aquário, já que estes compostos não teriam influências negativas ou inquinantes nos filtros e trariam terapêuticas “ecológicas” para a resolução de muitos dos problemas ictiopatológicos.

A remoção de metais pesados com a utilização de algas

Botânica Marinha 43 (2000), Stirk W. & van Staden J.

A maioria dos processos industriais leva ao inquinamento dos oceanos com metais pesados, o que pode originar dramáticos impactos ecológicos. As novas tecnologias apoiam-se nas resinas de trocas iónicas, nas extracções com solventes, na precipitação electrolítica e na filtragem por membrana. Em qualquer dos casos, tecnologias muito caras, principalmente se utilizadas em larga escala. A bio-remoção dos metais pesados de soluções aquosas utilizando suporte biológico, ao contrário dos acima referidos, apresenta-nos uma via bastante prometedora na filtragem da água do mar, com custos muito reduzidos. Bactérias, fungos, leveduras e microalgas oferecem a vantagem de se reproduzirem facilmente, obtendo-se pois grandes quantidades de produto a baixo custo.

As pesquisas mais recentes levam-nos às técnicas de bioadsorção, com a utilização de materiais biológicos dissecados que tudo indica apresentam uma elevada percentagem de adsorção de metais pesados. É o caso dos produtos Alga-Sorb e BioFix, essencialmente à base de Spirulina. Estão em laboratório outros produtos similares, à base de fibras vegetais e de algas castanhas para utilização com os mesmos objectivos. Neste estudo está a ser avaliada a capacidade de adsorção das algas ditas Kelpak, que são as Ecklonia maxima e três feofíceas (algas castanhas) dissecadas: Ecklonia maxima, Macrocystis angustifolia e Laminaria pallida. Foi medida a adsorção de Cobre, Zinco e Cádmio a longo prazo e em várias concentrações. A adsorção do Zinco foi menos eficaz se comparada com outros metais, mas as características depurativas do Kelpak são de facto surpreendentes, demonstrando que se trata de um substrato muito prometedor para a sua utilização à escala industrial. São também evidentes as potenciais vantagens deste material se utilizado como substrato filtrante nos filtros dos aquários.

Lagos antigos: biodiversidade, evolução e ecologia

Advances in Ecological Research, vol. 31, (2000), Rossier & Kawanabe

Num dos mais recentes volumes publicados, da série Advances in Ecological Research, pela Academic Press de Nova Iorque, um livro de elevada especificidade, da responsabilidade de A. Rossiter e de H. Kawanabe, podemos obter uma enorme quantidade de informações interessantes para qualquer aquariófilo, das quais mencionarei as que achei mais pertinentes para este tipo de artigo.

Os lagos antigos são, com efeito, pela sua importância como modelos dos processos evolutivos e de mutação das espécies, referências de relevo. No trabalho realizado foram estudados não só os lagos africanos, como lagos russos, lagos chineses e lagos de outros pontos do globo. Foram muitos os cientistas envolvidos neste trabalho do qual resultou a apresentação dos mais recentes resultados da pesquisa efectuada nos campos da evolução, da ecologia, da sistemática e da biodiversidade. Abordam a descoberta e a exploração biológica dos lagos africanos; a biodiversidade dos peixes nos lagos da África Oriental (Victoria, Malawi e Tanganyika); os ciclídeos do lago Malawi; os crustáceos copépodes de água doce; a ictiofauna do lago Baikal; os invertebrados bentónicos dos lagos da Mongólia; as diatomáceas e outros organismos vegetais e animais do lago Tanganyika; os moluscos do lago Biwa; os crustáceos da área do Caspio; os anfípodes dos lagos de todo o mundo; os efeitos da selecção sexual na mutação dos ciclídeos do género Haplochromídeo nos grandes lagos africanos ... é de facto muita informação, alicerçada na aliança da experiência prática com o conhecimento científico. Todas as informações ou conclusões, em inglês, deste livro, são uma mais valia significativa para um melhor conhecimento da ecologia e da taxonomia na área da aquariofilia

marioadearaujo@gmail.com