segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Seminário 12 Dez '09


Seminário de Aquariofilia - 12/12/09

Organização Mini Zoo - Gondomar // Apoio: Sera GmbH

domingo, 28 de junho de 2009

Artemia Salina - Pequenos Truques - I


Cistos de Artemia
Ovos de Artemia Salina para alimentação na fase larvar
Pesquisa e Adaptação: Mário d’Araújo
Como incubar os Cistos de Artemia
· Para obtermos os resultados da Eclosão (nascimento) e controlo higiénico da Descapsulação (saída da casca), recomendo:
· O uso de um recipiente específico geralmente disponível no mercado da especialidade (garrafas translúcidas, Pratos - abaixo o da Hobby-Dohse, etc.);

· No caso das garrafas será necessário o uso de uma bomba de ar e quase todos os modelos já vêm equipados com uma válvula de recolha dos náuplios recém-nascidos;
· A temperatura de incubação da água salgada deverá ser de 28ºC;
· O pH (nota importante) de 8.75 a 8.85:
· A salinidade deverá ser conseguida com 20 a 30g de Sal por litro, equivalente a cerca de 3% de Sal em relação ao volume de água;
· No caso das garrafas ou similar, deve manter-se uma iluminação constante, à superfície da água, de cerca 2000 lux, até à eclosão;
· Não devem ultrapassar 1,6g de Ovos por litro de Água Salgada;
· A eclosão ocorre após 12 horas para os descapsulados (sem casca) e 24 horas para os capsulados.

Na foto ao lado uma Artemia adulta 
Foto:Robert A.Browne






Foto à direita:
artemia-gallery-new.php
Náuplio (24 horas)



Algumas sugestões para os mais aficcionados
A Artemia ou Camarão das Salinas, é comummente utilizada como alimento larvar para muitas espécies aquáticas. De modo a garantir o seu elevado valor nutricional, devemos ‘descapsular’ (tirar a casca) aos Cistos (Ovos) de Artemia antes da sua Eclosão. Isto desinfectará os Ovos, retirará o Cório (a casca), a parte não digerível do Cisto, e, também poupará energia à Artemia que a gastaria se tivesse que furar a casca. Este processo incrementa o valor nutricional e a taxa de eclosão da Artemia minimizando o risco de infecções bacterianas e das obstruções do trato digestivo provocadas pelo Cório. Há 2 métodos comuns que servem para ‘descascar’ os Cistos. Nos dois, apesar de só descrever um deles, o primeiro passo é a hidratação dos Cistos, mergulhando-os durante 1 hora em Água Doce ou Salgada. Os Cistos secos têm uma ‘covinha’ que torna difícil a remoção uniforme da casca.

            Depois de eclodidos os ovos há que crivar os náuplios sem os perder. Assim basta utilizar o conjunto de peneiras para Artemia de Hobby - Dohse:


Método do Cloro
Este método utiliza lixívia caseira (solução de 6% de hipoclorieto de Sódio) ou Cloro industrial (solução de 11% de hipocloreto de Sódio). Colocam-se cerca de 15 gramas de Cistos já hidratados num recipiente com cerca de 300ml da solução a 6%, onde já teremos aplicado uma bomba de ar com válvula de controlo de saída. De forma suave deixaremos burbulhar a solução (agitando o recipiente de vez em quando para que não fiquem Ovos fora da mesma) cerca de 3–5 minutos ou até que os Ovos fiquem Alaranjados (perdendo pois a Cor Castanha). Devemos então, quase de imediato, despejar tudo através de uma peneira de Artemia (de malha fina) e enxaguar várias vezes até que o cheiro do Cloro desapareça. Depois é só incubá-los.
Caso sejam muitos, podem sempre guardá-los em pequenos recipientes (tipo provetas de testes de água) misturando-os com Sal refinado o que os manterá sempre desidratados e prontos a utilizar em qualquer altura, quer diretamente no Aquário ou para Eclosão.

marioadearaujo@gmail.com

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A Água - Qualidade precisa-se

A Água ... Qualidade precisa-se


As Razões
Um Aquário equilibrado atrai os olhares e a curiosidade de quem entra em nossa casa, escritório ou empresa, libertando e ao mesmo tempo criando um fascínio e um encanto quase irresistíveis.
Os Peixes ornamentais com as suas muitas cores e formas, juntamente com as verdejantes Plantas, criam um espaço natural, não só decorativo, que oferece ao nosso mundo industrializado e agitado, um porto de abrigo e descanso, propício a momentos de puro prazer visual que origina fugas momentâneas ao nosso dia.
No entanto e para que a Fauna e a Flora do mesmo possam aparecer no seu máximo esplendor, as condições oferecidas pelo Aquário, devem corresponder em larga escala às existentes na Natureza, portanto no Biótopo natural das espécies escolhidas. Mas devo deixar aqui um alerta para a realidade com que nos deparamos: hoje em dia a maioria dos Peixes de água doce são reproduzidos em cativeiro pelo que devem perguntar ao Vosso fornecedor ou analisarem a água dos sacos em que levam os Peixes, de modo a corrigir (se necessário) os parâmetros da água do Aquário.
O equilíbrio biológico e, por consequência, o bem-estar dos Peixes e das Plantas, depende principalmente da qualidade da Água. Assim vou tentar explicar como manter e testar os valores mais importantes da qualidade da Água.


Água da Torneira: ‘Sim’ ou ‘Não’?

As propriedades da água dependem do local onde é recolhida. A água da chuva, inicialmente pura, polui-se na atmosfera, em particular sobre as zonas industriais, ficando carregada de substâncias nocivas. Aquando da infiltração nos solos, a sua composição química muda novamente, em função das propriedades e grau de poluição das camadas geológicas, onde geralmente se encontram o Sulfato de Cálcio, Carbonato de Cálcio, Carbonato de Magnésio, Cloreto de Sódio e Cloreto de Potássio, entre muitos outros elementos.
O tratamento da Água e as condutas da mesma, acrescentam novas substâncias nocivas para os Peixes, onde se destacam o Cloro, o Cobre e o Zinco. Atendendo a tudo isto, a composição da Água da Torneira vai variando de zona para zona, tendo os processos biológicos e químicos um papel suplementar nas propriedades da mesma. Tenho que deixar aqui outra nota: no Verão ou tempos de pouca Chuva, levam a que muitas vezes as companhias que tratam a Água, lhe acrescentem Amoníaco para além do Cloro o que origina o aparecimento da Cloramina. Tenham o cuidado de verificar se o ou os acondicionadores que usam, são eficazes na eliminação de Cloraminas.





Nestas imagens podemos observar o acondicionador Aqua-San e a cultura de bactérias biodegradadoras Bio Bacter 2 in 1 Formula da Aquatic Nature.

Assim o tratamento, que se designa também por acondicionamento, da Água com produtos de qualidade, é uma das condições essenciais para manter Peixes e Plantas em boas condições.
As marcas atualmente disponíveis (mais do que suficientes) no nosso mercado (e com maior apoio científico), têm dados concretos sobre os cursos de Água dos países de origem e respectivas condições ambientais, o que lhes permitiu criar e comercializar uma vasta gama de acondicionadores, corretores e envelhecedores, no sentido de levar os parâmetros mais importantes da Água, a valores muito próximos dos existentes nos locais de captura (espécies selvagens) das diferentes espécies.

Os Parâmetros
Cada Torneira e consequentemente cada Aquário, tem um conjunto de propriedades químicas particulares. As componentes a seguir indicadas, revestem-se do maior interesse para a estabilidade do Aquário, a saúde dos animais e um crescimento saudável das Plantas.

A Dureza total: dH (escala francesa) gH (escala alemã)
Essencialmente definida pela concentração de sais de Cálcio e Magnésio, o que leva a que quando a concentração destes é elevada, estamos com uma água Dura e quando é baixa teremos uma água Macia.
A dureza total (gH na escala alemã e dH na escala francesa), tem influência nas funções orgânicas de todos os seres aquáticos. Um valor propício à reprodução e manutenção da maioria das espécies oscila entre os 6gH (10dH) e os 16gH (28dH).

A Dureza Carbonatada: kH
Claro que para além dos Sais de Cálcio e Magnésio, anteriormente referidos, todas as águas contêm outros componentes salinos apelidados de Bicarbonatos. O valor kH, na escala alemã, é a do pH, impedindo oscilações bruscas (a queda ácida ou acidificação repentina) controlando pois os valores deste.
Para além desta ligação direta ao índice do pH, a dureza carbonatada influencia o bem-estar de todos os organismos vivos presentes no Vosso Aquário. Podem usar esta sugestão:


Recomendo como valores médios de 3kH (6dHCa) a 10kH (17dHCa).
Nota: dHCa na escala francesa.
O grau de acidez: pH
O pH varia na razão direta de todas as substâncias ácidas ou básicas, dissolvidas na Água, acidificando-a ou alcalinizando-a.
A água quimicamente pura apresenta um pH igual a 7, sendo este valor designado como Neutro.

Os ácidos e os componentes alcalinos estão portanto em equilíbrio. Quanto mais alta a concentração de ácidos mais baixo é o pH. Quanto mais os componentes alcalinos, mais alto é o pH.
Uma descida súbita do pH, a chamada ‘queda ácida’, pode acontecer numa água Macia, quando os bicarbonatos Tampão se esgotam (kH). O conjunto Peixes, Plantas e Micro-organismos é muito sensível a variações bruscas do pH. Valores oscilando entre os 6,5 e os 8,5 são tolerados pela maioria das espécies de água doce. Para baixar de forma segura e eficaz:

Na água salgada (que é uma história de outras páginas) devem mantê-lo entre 8,0 e 8,5.
Os Peixes das chamadas ‘águas negras’,preferem valores de 6,0 a 7,5.
Os Peixes Africanos (Percas e Ciclídeos) sentem-se à vontade de 7,5 a 8,5 e um gH elevado.

Consultem as lojas da vossa confiança  para saber quais os testes de que precisarão.

A urina e as fezes dos Peixes, juntamente com os resíduos das Plantas e da comida, provocam uma série de reacções na água do aquário, que podem ser descritas de uma forma mais ou menos simples. Ora vejamos:
- o primeiro ‘visitante’ é o Amoníaco, tóxico, ou o Amónio, atóxico. Nesta fase o pH tem um papel importante. Desde que se mantenha inferior a 7,5 surgirá o Amónio, mas, se for superior a 7,5 detectaremos a subida do Amoníaco, que como já referido é tóxico para os Peixes. Uma concentração de Amoníaco de 0,1mg/litro já afeta os Peixes mais frágeis. Em concentrações de 0,5 a 1,0mg/litro, os animais podem morrer.

As bactérias do género Nitrosomonas são tão trabalhadoras, que decompõem o Amoníaco ou o Amónio em Nitritos.

- os Nitritos são no entanto igualmente tóxicos e muito nocivos para os Peixes. Precisamos pois de um filtro (ou filtros) biologicamente ativo (que deverá conter Bio Ring Excel 

aditivado com Bio Bacter 2 in 1 Formula), pois só em Aquários com uma filtragem eficaz se podem conseguir concentrações de Nitritos inferiores ou iguais a 0,1mg/litro. A médio/longo prazo, o teor de Nitritos não deverá ultrapassar as 0,25mg/litro, já que a partir de 0,5mg/litro se torna preocupante para o bem estar e saúde dos animais.

Na última etapa do Ciclo da Decomposição do Azoto, as também muito trabalhadoras bactérias do género Nitrobacter, vão decompor os Nitritos em Nitratos, os quais são relativamente menos nocivos.

- os Nitratos servem, entre outros elementos, como substâncias nutritivas para as Plantas, mas se em concentrações elevadas tornam-se, também eles, perigosos para os animais e favorecem o crescimento de algas (o que pode tornar-se um flagelo).

Quando em quantidade inferior a 25mg/litro, a água não está poluída. Se entre os 25 e os 100mg/litro, particularmente na Água Salgada, aconselho as mudanças parciais de água, de 10% do volume total pelo menos uma vez por semana. A água diz-se muito poluída quando a concentração é superior às 100mg/litro. Neste caso há que ponderar uma lavagem total do aquário e respectivos filtros.

Resumindo:

Restos de Comida ********* Excrementos ********* Organismos mortos
-----------------------------Amónio (NH4)--------------------------------------------
..................................................e.................. dependente do valor de pH
.............................................................................Amoníaco (NH3)...........................

___________________________________________________________________

.......Bactérias Nitrosomonas.....................................Bactérias Nitrobacter
.............Nitritos (NO2)...............................................Nitratos (NO3)......
...............................................................................................(nutriente das Plantas).....
___________________________________________________________________

...............................................Plantas................................................
......Sem Luz....................................................................Com Luz.........
Libertam CO2 (Dióxido de Carbono)......................... ........Absorvem CO2...
Consomem O2 (Oxigénio)...................................................Libertam O2....
____________________________________________________________________

..............................................Peixes...................................................
.......Produzem CO2......................................................................Consomem O2.....
(nocivo se em doses altas).........................................(essencial em alta concentração)

O Dióxido de Carbono: CO2
Um elemento essencial no desenvolvimento das Plantas. No entanto um controle rigoroso da concentração torna-se necessário, pois o risco de intoxicação dos Peixes aumenta. A dose ideal situa-se entre as 5 e as 15mg/litro e repito aqui a noção de que doses mais elevadas durante largos períodos de tempo, afetarão os animais, bem como as bactérias dos filtros biológicos.

O Oxigénio: O2

Eis o elemento mágico do Vosso Aquário. A base da existência dos Peixes e das Plantas. Durante o dia, na presença da Luz, a flora absorve o Dióxido de Carbono (CO2) e liberta o Oxigénio (O2): a Fotossíntese. Os Peixes absorvem o Oxigénio através das guelras (ou brânquias). Ao mesmo tempo todas as bactérias necessitam de Oxigénio, particularmente as que participam no Ciclo da Decomposição do Azoto.

Durante a noite, na ausência da Luz, as Plantas libertam Dióxido de Carbono e consomem Oxigénio. Pode portanto acontecer que, em Aquários mal arejados,em que é pouca a circulação de água, o teor de Oxigénio seja mais baixo de manhã do que à noite. Designarei como Concentração de Saturação a capacidade máxima de absorção de Oxigénio pela água, que varia com a temperatura e que pode ser quantificada em mg/litro. A concentração não deverá nunca ser inferior a 20% dos valores que a seguir indico como referência. Um baixo teor de Oxigénio e a consequente falta do mesmo, implicará necessariamente uma degradação geral dos Vossos Peixes.

Concentração de Saturação

Valores relativos saturação a 100%

Temperatura------------------------------------mg de O2 por litro
......5ºC.................................................................12,8
.....10ºC.................................................................11,3
.....15ºC.................................................................10,6
.....20ºC..................................................................9,1
.....25ºC..................................................................8,3
.....30ºC..................................................................7,6
.....35ºC..................................................................6,9

Os Testes
Chamada que está a atenção para a importância dos diferentes valores intervenientes na qualidade da água, pois que as necessidades biológicas variam de espécie para espécie, não quero que se assustem com o lado químico do Vosso Aquário!
Hoje em dia, com a oferta de testes e reagentes em separado ou em ‘kit’, analisar a água é quase uma brincadeira de Crianças.
O modo de utilização e leitura dos resultados obtidos, estão pormenorizadamente explicados nos folhetos que geralmente acompanham (ou deviam acompanhar) todos os Testes.
Assim podemos testar a água da torneira, do poço, do lago, do rio, sem perda de tempo e de um modo simples e eficaz.
Consultem o Vosso fornecedor habitual e adquiram aquilo que Vos faz falta! Não esgotem o ‘stock’. Poderão, se forem daqueles Aquariófilos preocupados, adquirir testes de 2 marcas diferentes para compararem resultados e atuar (ou não) de acordo com o que pretendem.

Atitudes a tomar
Não existe nem pode existir uma regra mágica que nos permita obter uma água ideal para o Aquário, pois não há dois Aquários iguais. Cada um representa um espaço vital único no seu género. As razões disto são a diversidade de Plantas e de Peixes, a qualidade ou não da água da torneira e também o tamanho do Aquário.
Por tudo isto mais uma vez Vos recomendamos que peçam conselho ao Vosso fornecedor habitual, que, de acordo com as espécies por Vós escolhidas, Vos dirá quais os valores médios dos diferentes parâmetros que mais convenientes serão para as mesmas.
Caso a água do Vosso Aquário não esteja em condições de receber a Flora ou a Fauna, confiem mais uma vez no Vosso fornecedor. Como referido nas primeiras linhas, se quiserem ‘corrigir e domesticar’ a Vossa água, têm um sem fim de produtos que podem escolher ou que podem escolher por si. Depois é continuar com os que demonstraram o seu real valor.
Mas para tentar racionalizar tudo isto, indico a seguir algumas regras básicas, que se forem seguidas, Vos trarão alguns sorrisos de alegria e a satisfação de terem realizado o Vosso sonho: um Aquário (quase) perfeito!
- renovação parcial de água a intervalos regulares
Hipótese nº1: 10% todas as semanas
Hipótese nº2: 25 a 30% mensalmente
tendo em conta que em qualquer uma das situações a água a utilizar deverá estar já tratada e com valores aproximados ou iguais aos do Vosso aquário.

- certifiquem-se do crescimento das Plantas, pois é sinónimo de consumo de Nitratos. Se recorrerem a adubos, utilizem os isentos de Nitratos e Fosfatos. Retirem as folhas mortas e desistam das Plantas que não se adaptam ao Vosso Aquário.

- mantenham uma filtragem equilibrada de acordo com as necessidades dos hóspedes escolhidos.

- mudem água de imediato no caso de altas concentrações de NH3 (Amoníaco) ou NO2 (Nitritos).

- evitem o excesso de animais.

- não distribuam comida de modo exagerado.

- não se esqueçam que por muitas histórias que Vos contem, quando se instala um Aquário, são precisas de 4 a 6 semanas para que a atividade biológica do filtro (ou dos filtros) esteja quase normal.

Muitas outras dicas e curiosidades poderão ser encontradas nas poucas publicações disponíveis no nosso pequeno mercado, uma grande parte em Francês ou em Inglês, pois que infelizmente as edições com alguma qualidade (lembro aqui o esforço feito por Joaquim Falcão e os seus colaboradores, que entre Outubro de 1977 e Agosto de 1983, conseguiram lançar 27 edições da revista ‘Aquária’) e outras que se lhe seguiram, se deparam com muitas dificuldades.

Passada a publicidade temos disponível a ‘Zoocultura’ (à qual desejo os maiores sucessos), a ‘Instinto’ também gratuita, e a 'BioAquaria', para além de outras onde podem encontrar um razoável/bom apoio informativo de quase todos os animais, com penas, com pêlos, com escamas, etc., facilitando e resolvendo algumas dúvidas que por vezes nos aparecem.

Voltando a lembrar velhas aventuras refiro exposições de Aquariofilia como a de 1983, em que o sr Gualdino de Sousa, com o apoio da CMP e da gerência do então ativo C Com Dallas, organizou a ‘Expo-Aqua nº1’, que infelizmente não teve continuidade.
Pela 1ª edição ficou também a ‘Expozoo 88’, com o apoio da CMP, organizada pelo ‘Aquário Virgínia’ e pela ‘Aquapesca Lda’, no Clube dos Caçadores do Porto.

Nos anos mais recentes têm sido realizadas várias feiras na Batalha, no Porto e em Lisboa e veremos se com o querer e o gostar da Aquariofilia se conseguirão reunir esforços dos Comerciantes e dos Apaixonados deste fascinante passatempo, e, daí, dar corpo a novas mostras locais e nacionais, com tanta facilidade como se de Gatos, Cães ou Aves se tratasse.

Abraço Aquariófilo e tratem bem os Vossos Animais.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A iluminação num aquário

A luz no aquário

Traduzido e adaptado por: Mário d’Araújo

Na maioria dos casos não damos a devida atenção ao tipo de iluminação do aquário, apesar da relevância da mesma. A coloração dos peixes depende da iluminação; as plantas só beneficiam do CO2 com uma intensidade luminosa suficiente. Uma proliferação excessiva de algas pode ser motivada pela iluminação inadequada.

Biótopo vegetal sadio com uma iluminação mais eficaz

As plantas aquáticas não servem só para decorar pois desempenham muitas outras funções biológicas no pequeno biótopo do aquário. Elas produzem O2 e consomem uma parcela considerável de amónio e fosfatos excretados pelos peixes. as plantas também consomem nitratos, desde que disponham da quantidade de Ferro ideal dissolvida na água. Para além disto as plantas retiram da água algumas substâncias tóxicas, como o Cobre, armazenando-as nas folhas, beneficiando assim o meio microbiológico da água do aquário. Mas as plantas só podem levar a cabo estas ‘tarefas’ se receberem uma iluminação adequada.
Um dos fabricantes de produtos de iluminação mais importante do Reino Unido e de acordo com as técnicas mais recentes, a Arcadia apresentou no mercado uma linha de tubos fluorescentes da última geração, de baixo consumo e de elevado rendimento; ao utilizar novos materiais fluorescentes, os tubos não emitem praticamente nenhuma radiação UV (ultravioleta) ou IV (infravermelha) que favorecem a proliferação das algas.

A luz adequada previne a proliferação das algas

A luz emitida pelos tubos Original Tropical, T8, T5 ou Compactas, Freshwater, T8 e T5, e as Plant Pro, T5 e Compactas, situam-se exatamente na banda espectral mais utilizada pelas plantas. Emissões acima ou abaixo desta banda que fomentam a proliferação de algas filamentosas e flutuantes, não são emitidas por estes tubos. A seguir mostramos-lhe, como exemplo, um diagrama de comparação das Plant Pro (ver figura).

As algas utilizam um espectro de luz mais largo do que as plantas e devido ao facto da Plant Pro emitir um espectro mais reduzido do que o que as algas necessitam, a estas faltar-lhes-á uma parte da luz que utilizam (zonas sombreadas).
A emissão de luz da Plant Pro aproxima-se muito das necessidades das plantas aquáticas.
____ Algas azuis
___ Algas verdes
____ Algas vermelhas
________ Plantas

A luz roxo azulada da Plant Pro com os seus 6000 Kelvin, é particularmente adequada como luz adicional nos aquários com muita vegetação. As cores das plantas e dos peixes ficam realçadas; a fotossíntese fica potenciada e com ela o crescimento das plantas. A luz emitida pelos tubos está exatamente situada na zona de espectro utilizado pelas plantas de aquário. A zona sombreada à direita e à esquerda são as que podem ser utilizadas pelas algas, mas não pelas plantas. Já que a luz irradiada pelas Plant Pro cobre exatamente as necessidades das plantas, às algas falta-lhes uma parte do espectro luminoso e com ele uma fonte de energia. Como se mostra no diagrama, as algas não são favorecidas pela emissão da luz. A luz emitida pelos tubos está perfeitamente ajustada às plantas aquáticas; as algas apenas recebem iluminação inadequada diminuindo-lhes assim as possibilidades de subsistência.



Nestas fotos podemos ver a excelente linha de lâmpadas Freshwater e Tropical Original, de fabrico inglês 

Luz natural para aquários naturalmente bonitos

A Freshwater é um tubo da nova geração; produz uma luz diurna incolor, com uma temperatura cromática de 6600 Kelvin e com uma durabilidade de 10000 horas, em funcionamento constante. A claridade tão brilhante (lumen) corresponde à luz tropical do meio dia com céu limpo. Este tipo de luz é adequado para aquários biótopo das zonas tropicais ou de lagos pouco profundos, já que realça as cores naturais dos peixes. Concretamente, este tubo é particularmente indicado para aquários pequenos com espaço só para uma lâmpada.
Marine White proporciona uma luz diurna muito brilhante para peixes provenientes de rios ou grandes lagos. A sua temperatura cromática é de 14000 Kelvin, em tudo idêntica à luz de um dia tropical nublado, ao meio dia e da época das monções. Esta luz é adequada para aquários biótopo da África Oriental e aquários marinhos.
O espectro de emissão apresenta uma maior quantidade de luz azul do que luz vermelha, pelo que daí resulta mais intensidade da cor natural dos peixes originários dos lagos Malawi, Tanganyika e Victoria, bem como dos peixes dos recifes.
Este tipo de iluminação é também sinónimo de boa escolha se temos aquários com peixes Arco Íris ou Kilis.
Original Tropical proporciona, com a sua luz diurna e cálida, as condições adequadas aos aquários tipo selva tropical. Esta lâmpada abrange todo o espectro e proporciona o melhor índice de representação de cores, com uma temperatura média de 4500 Kelvin que corresponde à ténue luz solar do meio de uma manhã tropical.
O índice de representação de cores, de acordo com a DIN (Deutsche Industrie Norm – Norma Industrial Alemã), é a melhor opção e corresponde a cerca de 92% da luz solar natural.
A emissão de raios UV foi reduzida para 2% pelo que se adapta com as necessidades de UVA e UVB dos paludários e terrários tipo selva tropical, com animais que precisam de fraca radiação UV, como por exemplo as aranhas, os escorpiões e outros insectos. Também para algumas rãs (Dendrobatídeas) é necessária a radiação UV para prevenir estados carenciais. Muitos animais de terrário precisam de radiações UVA e UVB para sintetizarem a vitamina D na pele (Desert ou Forest Species); pelas mesmas razões, as Fluorescent Bird Lamps são mais do que adequadas para grandes viveiros de pássaros. Nos aquários comunitários a combinação ideal mais frequente e recomendada é a Freshwater, ou a Original Tropical, ou a combinação das duas, uma na zona posterior e  outra na zona da frente. Desta maneira as plantas crescem robustas, oferecendo-nos uma imagem fantástica; os peixes que nadam na zona da frente brilham com cores magníficas. Com os Fluorescent Lamp Reflectors podemos conseguir um aumento de até 100% na intensidade luminosa.

Pode encontrar uma tabela com todas as combinações possíveis nas lojas da especialidade.

Temos também os Aquários pequenos (Nano Aquários), a que podemos adaptar boas iluminações, neste caso 
lâmpadas fluorescentes compactas (de 13 ou 26W).



Mas podem optar por LED:


   Aqui à esquerda LED 36 RGB  



                                                E aqui à direita LED 60 RGB




A luz, só por si, não é suficiente

Mesmo com o melhor fornecimento de luz é preciso garantir o fornecimento de todas as substâncias alimentares para as plantas já que estas ajustam o crescimento de acordo com o nutriente menos abundante. É necessária a adição frequente de Aqua-Plant Plus ou Aqua-Plant Basic, adubo líquido para plantas com caule e do Ferti-Stick, adubo em palitos para plantas com raízes fortes. 
Um cuidado adicional com o Aqua-Plant 24 + Activator, um potenciador diário para o crescimento com macronutrientes, que proporciona em pouco tempo umas plantas robustas de um verde brilhante e ao mesmo tempo estimula o crescimento de folhas novas. Especialmente importante é a utilização de adubos durante os períodos em que os problemas são mais frequentes, como aquando do corte de raízes ou caules, queda das folhas, mudança de sítio e de fonte luminosa, já que a diminuição do crescimento das plantas pode ser responsável pelo aparecimento de algas indesejáveis. Num aquário com plantas tropicais, a iluminação diária deveria durar cerca de 8 a 10 horas, um pouco menos que um dia tropical. As plantas aquáticas originárias das regiões sub-tropicais e temperadas estão habituadas, durante o período de vegetação, a dias com duração de 14 horas, o que não se pode fazer nos vossos aquários.


marioadearaujo@gmail.com

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Algas no Aquário - Porque é que eu tenho algas no meu aquário?

Porque é que eu tenho algas no meu aquário?

Pesquisa e adaptação: Mário d'Araújo

Existem montes de causas que originam o crescimento de algas nos aquários. As principais, ou mais comuns, são de origem biológica o que dificulta a tarefa do aquariófilo que na maioria dos casos se vê, ou sente, incapaz para controlar ou eliminar esses desequilíbrios biológicos.

E as algas parecem-se com o quê?

O crescimento excessivo de algas é detetável a olho nu e pode ter vários aspetos. Muitas delas são finas, parecem cabelos, outras viscosas formando películas sobre as plantas e decorações, outras parecem pó em suspensão na água, geralmente de cor verde ou vermelho/castanho.

Acima, imagem de aquário com Água verde - http://freshwater-aquarium-passion.blogspot.com/

Geralmente tudo começa com um fina película acastanhada (aquilo a que chamamos ‘filme’) cobrindo toda a superfície do aquário.
 Foto 1
Se não fizermos nada logo teremos uma explosão de micro algas verdes em suspensão na Água que podem levar a grandes 'folhas' verdes, viscosas, que invadem as plantas, as decorações e mesmo o fundo do aquário.

E o crescimento excessivo das algas é um problema?

Uma pequena parte de algas ‘boas’ é sinal de um aquário natural onde os Peixes podem beneficiar da presença das mesmas. Podem acontecer situações temporárias de proliferação excessiva, principalmente em aquários novos, acabando no entanto por desaparecerem por falta de nutrientes. As algas mortas devem ser removidas pois deterioram a água (baixam o pH) durante o processo de apodrecimento. Esta não é pois uma situação muito problemática. O problema é o crescimento excessivo e persistente das algas num aquário

Algas em excesso tornam o aquário feio. Espalhadas pelos vidros e pelas decorações, não deixam ver os Peixes nem as plantas. Acabam por afetar a qualidade da Água e provocam irritações branquiais nos Peixes. Depois acabam por impossibilitar a fotossíntese das plantas do Vosso aquário, fixando-se nas folhas das mesmas.


E existem mais de 25000 espécies de algas que nós não queremos nos nossos aquários ...


Na foto à esquerda podemos ver
algas filamentosas


Foto 2
Fotos acima: 1 e 2: www.aquariumpoetry.blogspot.com

Nos casos mais graves, mais algas do que plantas, devem retirar, arrancando à mão, o máximo de algas que conseguirem. Não deixem restos de algas dentro do aquário. Elas apodrecem, como referido anteriormente.
Podem utilizar produtos algicidas, com o cuidado de respeitarem as instruções de utilização do fabricante, mantendo uma boa vigilância nos filtros que deverão, nestes casos, limpar regularmente. Se tiverem caracóis (Ampularia, por ex:) retirem-nos do aquário antes de utilizarem os algicidas.


Dependendo das espécies de algas a eliminar, da qualidade de água e do algicida escolhido, o processo de ‘remoção das algas’ pode demorar de duas a seis semanas apesar de se observarem efeitos positivos nos primeiros dias do tratamento.
À esquerda para as filamentosas.





À direita para as algas pincel.
Na foto acima, algas verdes tipo película - http://www.gwapa.org/articles/algae/images/bga.jpg

Quase que como para concluir:
Para ser mais específico posso dizer que as algas se propagam alimentando-se de Nitratos e Fosfatos sob certas condições de luz ou melhor dizendo, de espetro luminoso. Mas há no entanto um grande número de outros fatores que fomentam a propagação das algas e isso deixa-nos na impossibilidade de detetar a causa exata do problema. Daí que é muito importante atingir e manter um equilíbrio biológico no aquário, o qual reduzirá as hipóteses de aparecimento das algas e dos seus quase sempre nefastos efeitos.

Um bom equilíbrio biológico é bem mais fácil de conseguir se:
- Tiverem um crescimento saudável das plantas do aquário
- Instalarem a potência luminosa adequada (watts e duração)
- A quantidade de Peixes é a adequada ao tamanho do aquário
- Fizerem mudanças de água regulares (de 10% semanais, ideal)
- Contarem os Vossos problemas ao Vosso fornecedor (que Vos dará de boa vontade todos os esclarecimentos e conselhos necessários)

Então posso concluir que para manter as plantas e os Peixes de forma saudável há coisas muito simples que não devem esquecer:
1 - alimentar as plantas de forma correta com fertilizantes líquidos ou não, de acordo com as instruções do fabricante, de forma a mantê-las com uma boa taxa de crescimento, folhagem bem colorida e raízes fortes.
2 - controlar os parâmetros da água, o pH e o kH essencialmente, que deverão manter entre os 6,2 a 6,8 e de 2º a 8ºdkH, respetivamente, de acordo com as espécies de Peixes que ocupam o Vosso aquário.
3 - com a temperatura entre os 22º e os 28ºC, um bom filtro, de acordo com o volume de água, e ... Pronto!

Aí está um belo aquário que deixará os Vossos amigos maravilhados ao entrarem no Vosso escritório ou na Vossa casa.


marioadearaujo@gmail.com

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ozono - Potencial redox


O Ozono (O3)
Sim ou Não?

Pesquisa e adaptação: Mário d’Araújo

Potencial redox
Quase todos já ouvimos estes palavrões, que para alguns serão coisas banais, ficando depois sem saber lá muito bem para que é ou mesmo o que é que isso é ... Com a linguagem mais acessível (já que não sou químico, nem físico e ás vezes gostaria de perceber melhor o que se passa à minha volta ... ) tentarei transcrever as ideias que permi
tam uma melhor compreensão das vantagens ou desvantagens da utilização do Ozono para conseguirmos melhorar ou mesmo manter um bom potencial redox.

O Ozono (O3) é um conjunto (molécula) de três átomos de Oxigénio. É um gás muito instável, que se desintegra facilmente por redução, com um cheiro, ou odor,, muito característico. O Ozono é produzido quando o Oxigénio é exposto a fortes
descargas eléctricas, como, por ex. más ligações eléctricas e de forma que nos interessa nos geradores de Ozono utilizados para a aquariofilia. Depois das trovoadas pode sentir-se o cheiro do Ozono no ar. Mesmo em concentrações baixíssimas, de 1 para 500 000, se sente o cheiro do Ozono (factor muito importante no nosso passatempo).

Os aquariófilos utilizam o Ozono pelo seu forte poder oxidante. O Ozono consegue decompor moléculas sem produção de subprodutos nocivos,
como acontece com a decomposição bacteriana. O efeito do Ozono pode ser explicado assim:

..................................O3...................O2..................O3....................................................
moléculas orgânicas---> à amónia ---> à nitritos ---> à nitratos
..................................................bactérias.......................................................................

(Segundo de Graaf,1998)

Mas temos que deixar aqui um aviso à navegação,
que é deveras importante:

O Ozono é extremamente tóxico para todo o tipo de animais vivos.
Não deve nunca ser introduzido directamente nos aquários

Mas então se é assim perigoso o melhor é nem pensar mais nisto ...
Engano, meus amigos, engano ... Todos nós reco
rremos ao médico, quando estamos doentes, e, na maioria dos casos, tomamos um monte de medicamentos que têm tanto de bom quanto de mau ...

O método mais vulgar na utilização do Ozono é a mistura deste com o ar utilizado nos espumadores de proteínas. A dosagem deve ser regulada de modo a que todas as moléculas de Ozono se desintegrem antes da saída da água do espumador para o aquário. Podemos controlar isto pelo cheiro junto ao espumador, apesar de ser um método pouco seguro.

E o Ozono compra-se em saquinhas ou em pastil
has? :-) claro que não ...

Pois não se compra de nenhuma destas maneiras. Consegue-se obter com a ajuda de equipamentos específicos, de médio / alto custo, que são os Ozonisadores, que opor sua vez são de fácil manuseamento e instalação.
Deixo aqui a sugestão dos que mais utilizei com bons resultados, da marca 'sander', cujo modelo 50 serve para a maioria dos aquários.




que deveremos ligar a um bom controlador electrónico de Ozono, que aqui deixo como sugestão o modelo Tunze 7071/2

Para garantir uma boa produção de Ozono no ozonisador, o ar que neste passa deve (ou deveria) estar bem seco. Existem alguns equipamentos específicos para a secagem do ar disponíveis no mercado, mas podemos utilizar um tipo ‘faça você mesmo’ com uma mistura de sílica-gel, carvão activado e, se quiser, sal muito grosso. Há montes de aquários de recife com ozonisadores instalados, todos eles, os aquários, muito bonitos e de aspecto saudável. Mas há quem duvide das vantagens ou benefícios deste tipo de instalação com um produto que apresenta alguns riscos associados. Não podemos esquecer (já ouviram falar no ‘buraco do Ozono’?) que este elemento também é tóxico para os seres humanos (Wendler, 1986).

Passamos agora a uma área agradável para alguns e sinistra para outros.
Ora instalem-se de forma confortável e ... aqui vai!!

Da teoria
A designação potencial ou valor ‘redox’ é a forma compacta da junção de duas palavras: ‘Óxido-redução’. Concretiza-se pela medição do potencial eléctrico (em mV – milivolts) entre os diferentes átomos e moléculas presentes na água e para melhor se compreender este tipo de fenómeno vou ter que abordar o princípio que nos leva às ligações dos electrões.

Os átomos têm um núcleo carregado positivamente (composto por protões positivos e neutrões sem carga) e uma coroa de electrões, estes de carga negativa. Se os protões forem tantos quantos os electrões os átomos são neutros. Se têm mais protões do que electrões, implica uma carga positiva, chamam-se catiões. No caso de terem mais electrões do que protões, implica uma carga negativa, são os aniões.

Não vale a pena repetir, pois não?

Ora os átomos e as moléculas tendem naturalmente para a estabilidade. Um átomo instável tentará por separação ou por combinação eléctrica atingir esse estado de estabilidade. Esta operação pode implicar a anulação de cargas eléctricas de modo a permitir que o outro interveniente na reacção receba ou ceda electrões. Assim a redução e a oxidação acontecem sempre ao mesmo tempo. Uma substância que liberta electrões será oxidada e a outra que os recebe será reduzida.

E agora vocês perguntam: ‘Mas então isto é que é uma explicação fácil?’ ... por acaso até é mesmo que não saibamos lá muito bem o que são estas coisas todas ... tenham calma ...

E agora um pequeno exemplo:
Uma pitada de sulfato de ferro num copo com água muda a cor desta para verde azulado. A simples injecção de ar na água (com um difusor ou não) provoca uma mudança da cor da mesma primeiro para cinzento sujo e depois castanho amarelado. Esta reacção é muito mais rápida se injectado ozono (uma oxidação mais forte do que com oxigénio) ou quase instantânea se adicionarmos uma gota de peróxido (água oxigenada concentrada).

E o que é que aconteceu?
Com a adição do oxigénio, do ozono ou da água oxigenada transformámos o sulfato de ferro II em sulfato de ferro III, pela oxidação do ferro II em ferro III. A oxidação (só para lembrar ... ) é o aumento da carga positiva por libertação de electrões.

Oxidação = libertação de electrões

O oxigénio serve de ‘parceiro’ nesta reacção utilizando os electrões libertados. Mas a sua concentração diminui.

Redução = utilização dos electrões

O oxigénio oxida o sulfato de ferro, é o oxidante. O ferro II reduz o oxigénio, é o redutor desta reacção.

A reacção pode ser vista desta forma:

2Fe2+ + O2 => 2Fe3+ + O2²¯

(ai que isto vai de mal a pior ... podem não acreditar, mas eu nunca gostei muito de química e estas coisas ainda me deixam com um certo nervoso miudinho ... mas há sempre alguém que trata estas coisas ‘por tu’ que nos pode dar uma ajudinha nos casos mais complicados)

Até à data, a medição do potencial redox é feita com todo o tipo de eléctrodos, o que nos leva a alguns erros na área da aquariofilia. Na área das análises laboratoriais os eléctrodos de platina e prata são os mais utilizados. Assim, do ponto de vista científico, as nossas medições do potencial redox não estarão correctas.

O potencial redox padrão é obtido pela medição numa solução de 1 mole (valor teórico da quantidade de moléculas, obtido a partir do nº de Avogrado) de iões metálicos a 18ºC com um eléctrodo de hidrogénio/platina. Convencionou-se o valor de 0,00mV para esta leitura. Por outro lado os eléctrodos de Platina/Kalomel ou de Prata/Cloreto de prata têm potencial próprio (ver Tabela) que deverá ser adicionado ao resultado final ...

(calma, calma ... já vamos explicar isto)

Mas para mal dos nossos pecados a literatura da especialidade, a nossa aquariofilia, ‘esquece-se’ destas correcções numéricas o que na maioria das vezes nos leva a valores muito diferentes da realidade. Nestes últimos anos generalizou-se esta utilização de valores de redox não corrigidos. Por isso é muito importante indicar o tipo de eléctrodo utilizado na medição do redox.

Podemos agora apresentar uma tabela comparativa de valores de redox (medido em mV) obtidos com eléctrodos de platina/prata e com um eléctrodo de referência de hidrogénio/platina, em função da temperatura:

_____________________________________________________________________

Temperatura------------Eléctrodo de prata--------------Eléctrodo de platina------------------ ----(ºC)-----------------------(Hg/Kal)---------------------(Ag/AgCl-KCl)--------------------
------5---------------------------257----------------------------216
-----10-------------------------- 254----------------------------212
-----15-------------------------- 251----------------------------207
-----20-------------------------- 248----------------------------202
-----25-------------------------- 244----------------------------197
-----30--------------------------241-----------------------------192
_____________________________________________________________________

A influência da temperatura

O potencial redox está de certa forma dependente da temperatura. Na aquariofilia não é um factor relevante atendendo às pequenas variações envolvidas, de 25ºC a 27ºC.

A influência do pH
O valor redox está interligado com o valor do pH da água. O valor redox evolui de forma inversamente proporcional ao pH e vice-versa. Teoricamente uma unidade de pH corresponde a 57,7mV, mas também aqui temos as excepções. Citaremos a título de exemplo uma experiência escolar realizada com azul de metileno:

Para uma subida de pH de 5 para 6, o redox deveria baixar 57,7mV. Na realidade desceu 54mV. Subindo o pH de 6 para 7 verificou-se que o redox baixou só 36mV!
Por esta razão existe, de forma idêntica à do pH, um valor rH que podemos calcular de acordo com a seguinte fórmula:

rH = mV ¸ 29 + (2 x pH) + 6,67

Devido a esta dependência pH – redox, deveremos sempre indicar o valor do pH para o redox obtido (caso não se utilize o rH).

De acordo com Baumeister, 1990, o potencial redox padrão seria formulado da seguinte forma:

medição: 340mV (eléctrodo de platina, temp. = 25ºC, pH = 8,2)

E para agora chega de coisas complicadas ... passamos à fase mais utilitária de toda esta conversa que espero tenha para todos vocês algo de proveitoso.

Que tipo de utilização em aquariofilia?

De uma forma muito sucinta, o potencial redox desempenha um papel muito importante nas reacções químicas e bioquímicas (biológicas) da natureza. Imensos processos vitais (como a respiração, por ex:) estão dependentes deles. Valores redox elevados encontram-se em ambientes fortemente oxigenados enquanto que valores de redox baixos indiciam uma falta ou défice de oxigénio que podem originar fenómenos de redução (situação anaeróbia). A redução (falta de oxigénio) pode ser causada por excesso de alimentação que leva à amónia e aos nitritos. Uma água sobrecarregada de matéria orgânica é sempre uma água com baixo potencial redox, ao contrário da água limpa que tem sempre um potencial redox elevado.

A medição do potencial redox num aquário permite visualizar a soma dos processos de oxidação e de redução entre o eléctrodo e a água a medir (com todas as substâncias que nela estejam dissolvidas). A medição deve ser feita de modo contínuo, dias ou semanas, em função do tipo de eléctrodo e respectiva adaptação ao meio. A monitorização do potencial redox durante um certo período de tempo (voltamos a frisar que o ideal é um controlo permanente), permite-nos avaliar a estabilidade do aquário e qual a sua capacidade de reciclagem. Geralmente, qualquer alteração feita no aquário provoca flutuações no potencial redox. E assim podemos prever algumas situações que levam à degradação da água do aquário ou originadas pela má qualidade da mesma. Não existe um valor ideal mas temos muitas indicações retiradas da prática que nos deixam dentro de uma margem de segurança ou de melhores resultados obtidos.

Um aquário marinho equilibrado mostrará valores entre os 250mV e os 400mV. Se estiver sobrecarregado de nutrientes e com forte crescimento de algas o valor redox poderá situar-se entre os 200mV e os 300mV. Uma subida do potencial redox trará alguns resultados interessantes nos aquários de recife (Wienandt, 1992) como a eliminação das algas negras e filamentosas. Esta subida consegue-se com uma difusão controlada de ozono. Para isso bastará utilizar um leitor/controlador de potencial redox, ao qual ligaremos um ozonisador, o que de forma segura e eficaz permitirá a obtenção de valores até 450mV, perfeitamente aceitáveis.

A quantificação do potencial redox é de extrema importância na manutenção de um filtro de nitratos, no qual o valor redox ideal será de –50mV a –200mV ( sim, sim, valores negativos). Valores mais baixos (de –300mV, por ex:) são de evitar pois que aparecerão os sulfatos e outros produtos tóxicos transformados pelas bactérias anaeróbias (e lá enfrentaremos aquele cheiro a ovos podres!!!).

A programação de valores redox, conforme acima mencionados, também é válida para os aquários de água doce. Com um controlador redox podemos como que visualizar todos os processos de oxidação e de redução. A experiência adquirida dar-lhe-á a possibilidade de reconhecer o bom ou mau funcionamento dos seus sistemas biológicos ou bioquímicos. A adição de ozono ou a melhoria dos sistemas de filtragem (melhoria da oxigenação) são os passos a seguir para a criação de boas condições de modo a obter valores estáveis de potencial redox

Como sugestão podemos recomendar o equipamento de controlo/leitura da Tunze modelo TU7075 acoplado aos novos modelos de ozonisadores da Sander com débitos de 50mg/h até 500mg/h.

Voltaremos a este tema brevemente, com bibliografia um pouco diferente de modo a disponibilizar mais informações neste infindável mundo de paixões redescobertas que é a Aquariofilia.

marioadearaujo@gmail.