terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A Água - Qualidade precisa-se

A Água ... Qualidade precisa-se


As Razões
Um Aquário equilibrado atrai os olhares e a curiosidade de quem entra em nossa casa, escritório ou empresa, libertando e ao mesmo tempo criando um fascínio e um encanto quase irresistíveis.
Os Peixes ornamentais com as suas muitas cores e formas, juntamente com as verdejantes Plantas, criam um espaço natural, não só decorativo, que oferece ao nosso mundo industrializado e agitado, um porto de abrigo e descanso, propício a momentos de puro prazer visual que origina fugas momentâneas ao nosso dia.
No entanto e para que a Fauna e a Flora do mesmo possam aparecer no seu máximo esplendor, as condições oferecidas pelo Aquário, devem corresponder em larga escala às existentes na Natureza, portanto no Biótopo natural das espécies escolhidas. Mas devo deixar aqui um alerta para a realidade com que nos deparamos: hoje em dia a maioria dos Peixes de água doce são reproduzidos em cativeiro pelo que devem perguntar ao Vosso fornecedor ou analisarem a água dos sacos em que levam os Peixes, de modo a corrigir (se necessário) os parâmetros da água do Aquário.
O equilíbrio biológico e, por consequência, o bem-estar dos Peixes e das Plantas, depende principalmente da qualidade da Água. Assim vou tentar explicar como manter e testar os valores mais importantes da qualidade da Água.


Água da Torneira: ‘Sim’ ou ‘Não’?

As propriedades da água dependem do local onde é recolhida. A água da chuva, inicialmente pura, polui-se na atmosfera, em particular sobre as zonas industriais, ficando carregada de substâncias nocivas. Aquando da infiltração nos solos, a sua composição química muda novamente, em função das propriedades e grau de poluição das camadas geológicas, onde geralmente se encontram o Sulfato de Cálcio, Carbonato de Cálcio, Carbonato de Magnésio, Cloreto de Sódio e Cloreto de Potássio, entre muitos outros elementos.
O tratamento da Água e as condutas da mesma, acrescentam novas substâncias nocivas para os Peixes, onde se destacam o Cloro, o Cobre e o Zinco. Atendendo a tudo isto, a composição da Água da Torneira vai variando de zona para zona, tendo os processos biológicos e químicos um papel suplementar nas propriedades da mesma. Tenho que deixar aqui outra nota: no Verão ou tempos de pouca Chuva, levam a que muitas vezes as companhias que tratam a Água, lhe acrescentem Amoníaco para além do Cloro o que origina o aparecimento da Cloramina. Tenham o cuidado de verificar se o ou os acondicionadores que usam, são eficazes na eliminação de Cloraminas.





Nestas imagens podemos observar o acondicionador Aqua-San e a cultura de bactérias biodegradadoras Bio Bacter 2 in 1 Formula da Aquatic Nature.

Assim o tratamento, que se designa também por acondicionamento, da Água com produtos de qualidade, é uma das condições essenciais para manter Peixes e Plantas em boas condições.
As marcas atualmente disponíveis (mais do que suficientes) no nosso mercado (e com maior apoio científico), têm dados concretos sobre os cursos de Água dos países de origem e respectivas condições ambientais, o que lhes permitiu criar e comercializar uma vasta gama de acondicionadores, corretores e envelhecedores, no sentido de levar os parâmetros mais importantes da Água, a valores muito próximos dos existentes nos locais de captura (espécies selvagens) das diferentes espécies.

Os Parâmetros
Cada Torneira e consequentemente cada Aquário, tem um conjunto de propriedades químicas particulares. As componentes a seguir indicadas, revestem-se do maior interesse para a estabilidade do Aquário, a saúde dos animais e um crescimento saudável das Plantas.

A Dureza total: dH (escala francesa) gH (escala alemã)
Essencialmente definida pela concentração de sais de Cálcio e Magnésio, o que leva a que quando a concentração destes é elevada, estamos com uma água Dura e quando é baixa teremos uma água Macia.
A dureza total (gH na escala alemã e dH na escala francesa), tem influência nas funções orgânicas de todos os seres aquáticos. Um valor propício à reprodução e manutenção da maioria das espécies oscila entre os 6gH (10dH) e os 16gH (28dH).

A Dureza Carbonatada: kH
Claro que para além dos Sais de Cálcio e Magnésio, anteriormente referidos, todas as águas contêm outros componentes salinos apelidados de Bicarbonatos. O valor kH, na escala alemã, é a do pH, impedindo oscilações bruscas (a queda ácida ou acidificação repentina) controlando pois os valores deste.
Para além desta ligação direta ao índice do pH, a dureza carbonatada influencia o bem-estar de todos os organismos vivos presentes no Vosso Aquário. Podem usar esta sugestão:


Recomendo como valores médios de 3kH (6dHCa) a 10kH (17dHCa).
Nota: dHCa na escala francesa.
O grau de acidez: pH
O pH varia na razão direta de todas as substâncias ácidas ou básicas, dissolvidas na Água, acidificando-a ou alcalinizando-a.
A água quimicamente pura apresenta um pH igual a 7, sendo este valor designado como Neutro.

Os ácidos e os componentes alcalinos estão portanto em equilíbrio. Quanto mais alta a concentração de ácidos mais baixo é o pH. Quanto mais os componentes alcalinos, mais alto é o pH.
Uma descida súbita do pH, a chamada ‘queda ácida’, pode acontecer numa água Macia, quando os bicarbonatos Tampão se esgotam (kH). O conjunto Peixes, Plantas e Micro-organismos é muito sensível a variações bruscas do pH. Valores oscilando entre os 6,5 e os 8,5 são tolerados pela maioria das espécies de água doce. Para baixar de forma segura e eficaz:

Na água salgada (que é uma história de outras páginas) devem mantê-lo entre 8,0 e 8,5.
Os Peixes das chamadas ‘águas negras’,preferem valores de 6,0 a 7,5.
Os Peixes Africanos (Percas e Ciclídeos) sentem-se à vontade de 7,5 a 8,5 e um gH elevado.

Consultem as lojas da vossa confiança  para saber quais os testes de que precisarão.

A urina e as fezes dos Peixes, juntamente com os resíduos das Plantas e da comida, provocam uma série de reacções na água do aquário, que podem ser descritas de uma forma mais ou menos simples. Ora vejamos:
- o primeiro ‘visitante’ é o Amoníaco, tóxico, ou o Amónio, atóxico. Nesta fase o pH tem um papel importante. Desde que se mantenha inferior a 7,5 surgirá o Amónio, mas, se for superior a 7,5 detectaremos a subida do Amoníaco, que como já referido é tóxico para os Peixes. Uma concentração de Amoníaco de 0,1mg/litro já afeta os Peixes mais frágeis. Em concentrações de 0,5 a 1,0mg/litro, os animais podem morrer.

As bactérias do género Nitrosomonas são tão trabalhadoras, que decompõem o Amoníaco ou o Amónio em Nitritos.

- os Nitritos são no entanto igualmente tóxicos e muito nocivos para os Peixes. Precisamos pois de um filtro (ou filtros) biologicamente ativo (que deverá conter Bio Ring Excel 

aditivado com Bio Bacter 2 in 1 Formula), pois só em Aquários com uma filtragem eficaz se podem conseguir concentrações de Nitritos inferiores ou iguais a 0,1mg/litro. A médio/longo prazo, o teor de Nitritos não deverá ultrapassar as 0,25mg/litro, já que a partir de 0,5mg/litro se torna preocupante para o bem estar e saúde dos animais.

Na última etapa do Ciclo da Decomposição do Azoto, as também muito trabalhadoras bactérias do género Nitrobacter, vão decompor os Nitritos em Nitratos, os quais são relativamente menos nocivos.

- os Nitratos servem, entre outros elementos, como substâncias nutritivas para as Plantas, mas se em concentrações elevadas tornam-se, também eles, perigosos para os animais e favorecem o crescimento de algas (o que pode tornar-se um flagelo).

Quando em quantidade inferior a 25mg/litro, a água não está poluída. Se entre os 25 e os 100mg/litro, particularmente na Água Salgada, aconselho as mudanças parciais de água, de 10% do volume total pelo menos uma vez por semana. A água diz-se muito poluída quando a concentração é superior às 100mg/litro. Neste caso há que ponderar uma lavagem total do aquário e respectivos filtros.

Resumindo:

Restos de Comida ********* Excrementos ********* Organismos mortos
-----------------------------Amónio (NH4)--------------------------------------------
..................................................e.................. dependente do valor de pH
.............................................................................Amoníaco (NH3)...........................

___________________________________________________________________

.......Bactérias Nitrosomonas.....................................Bactérias Nitrobacter
.............Nitritos (NO2)...............................................Nitratos (NO3)......
...............................................................................................(nutriente das Plantas).....
___________________________________________________________________

...............................................Plantas................................................
......Sem Luz....................................................................Com Luz.........
Libertam CO2 (Dióxido de Carbono)......................... ........Absorvem CO2...
Consomem O2 (Oxigénio)...................................................Libertam O2....
____________________________________________________________________

..............................................Peixes...................................................
.......Produzem CO2......................................................................Consomem O2.....
(nocivo se em doses altas).........................................(essencial em alta concentração)

O Dióxido de Carbono: CO2
Um elemento essencial no desenvolvimento das Plantas. No entanto um controle rigoroso da concentração torna-se necessário, pois o risco de intoxicação dos Peixes aumenta. A dose ideal situa-se entre as 5 e as 15mg/litro e repito aqui a noção de que doses mais elevadas durante largos períodos de tempo, afetarão os animais, bem como as bactérias dos filtros biológicos.

O Oxigénio: O2

Eis o elemento mágico do Vosso Aquário. A base da existência dos Peixes e das Plantas. Durante o dia, na presença da Luz, a flora absorve o Dióxido de Carbono (CO2) e liberta o Oxigénio (O2): a Fotossíntese. Os Peixes absorvem o Oxigénio através das guelras (ou brânquias). Ao mesmo tempo todas as bactérias necessitam de Oxigénio, particularmente as que participam no Ciclo da Decomposição do Azoto.

Durante a noite, na ausência da Luz, as Plantas libertam Dióxido de Carbono e consomem Oxigénio. Pode portanto acontecer que, em Aquários mal arejados,em que é pouca a circulação de água, o teor de Oxigénio seja mais baixo de manhã do que à noite. Designarei como Concentração de Saturação a capacidade máxima de absorção de Oxigénio pela água, que varia com a temperatura e que pode ser quantificada em mg/litro. A concentração não deverá nunca ser inferior a 20% dos valores que a seguir indico como referência. Um baixo teor de Oxigénio e a consequente falta do mesmo, implicará necessariamente uma degradação geral dos Vossos Peixes.

Concentração de Saturação

Valores relativos saturação a 100%

Temperatura------------------------------------mg de O2 por litro
......5ºC.................................................................12,8
.....10ºC.................................................................11,3
.....15ºC.................................................................10,6
.....20ºC..................................................................9,1
.....25ºC..................................................................8,3
.....30ºC..................................................................7,6
.....35ºC..................................................................6,9

Os Testes
Chamada que está a atenção para a importância dos diferentes valores intervenientes na qualidade da água, pois que as necessidades biológicas variam de espécie para espécie, não quero que se assustem com o lado químico do Vosso Aquário!
Hoje em dia, com a oferta de testes e reagentes em separado ou em ‘kit’, analisar a água é quase uma brincadeira de Crianças.
O modo de utilização e leitura dos resultados obtidos, estão pormenorizadamente explicados nos folhetos que geralmente acompanham (ou deviam acompanhar) todos os Testes.
Assim podemos testar a água da torneira, do poço, do lago, do rio, sem perda de tempo e de um modo simples e eficaz.
Consultem o Vosso fornecedor habitual e adquiram aquilo que Vos faz falta! Não esgotem o ‘stock’. Poderão, se forem daqueles Aquariófilos preocupados, adquirir testes de 2 marcas diferentes para compararem resultados e atuar (ou não) de acordo com o que pretendem.

Atitudes a tomar
Não existe nem pode existir uma regra mágica que nos permita obter uma água ideal para o Aquário, pois não há dois Aquários iguais. Cada um representa um espaço vital único no seu género. As razões disto são a diversidade de Plantas e de Peixes, a qualidade ou não da água da torneira e também o tamanho do Aquário.
Por tudo isto mais uma vez Vos recomendamos que peçam conselho ao Vosso fornecedor habitual, que, de acordo com as espécies por Vós escolhidas, Vos dirá quais os valores médios dos diferentes parâmetros que mais convenientes serão para as mesmas.
Caso a água do Vosso Aquário não esteja em condições de receber a Flora ou a Fauna, confiem mais uma vez no Vosso fornecedor. Como referido nas primeiras linhas, se quiserem ‘corrigir e domesticar’ a Vossa água, têm um sem fim de produtos que podem escolher ou que podem escolher por si. Depois é continuar com os que demonstraram o seu real valor.
Mas para tentar racionalizar tudo isto, indico a seguir algumas regras básicas, que se forem seguidas, Vos trarão alguns sorrisos de alegria e a satisfação de terem realizado o Vosso sonho: um Aquário (quase) perfeito!
- renovação parcial de água a intervalos regulares
Hipótese nº1: 10% todas as semanas
Hipótese nº2: 25 a 30% mensalmente
tendo em conta que em qualquer uma das situações a água a utilizar deverá estar já tratada e com valores aproximados ou iguais aos do Vosso aquário.

- certifiquem-se do crescimento das Plantas, pois é sinónimo de consumo de Nitratos. Se recorrerem a adubos, utilizem os isentos de Nitratos e Fosfatos. Retirem as folhas mortas e desistam das Plantas que não se adaptam ao Vosso Aquário.

- mantenham uma filtragem equilibrada de acordo com as necessidades dos hóspedes escolhidos.

- mudem água de imediato no caso de altas concentrações de NH3 (Amoníaco) ou NO2 (Nitritos).

- evitem o excesso de animais.

- não distribuam comida de modo exagerado.

- não se esqueçam que por muitas histórias que Vos contem, quando se instala um Aquário, são precisas de 4 a 6 semanas para que a atividade biológica do filtro (ou dos filtros) esteja quase normal.

Muitas outras dicas e curiosidades poderão ser encontradas nas poucas publicações disponíveis no nosso pequeno mercado, uma grande parte em Francês ou em Inglês, pois que infelizmente as edições com alguma qualidade (lembro aqui o esforço feito por Joaquim Falcão e os seus colaboradores, que entre Outubro de 1977 e Agosto de 1983, conseguiram lançar 27 edições da revista ‘Aquária’) e outras que se lhe seguiram, se deparam com muitas dificuldades.

Passada a publicidade temos disponível a ‘Zoocultura’ (à qual desejo os maiores sucessos), a ‘Instinto’ também gratuita, e a 'BioAquaria', para além de outras onde podem encontrar um razoável/bom apoio informativo de quase todos os animais, com penas, com pêlos, com escamas, etc., facilitando e resolvendo algumas dúvidas que por vezes nos aparecem.

Voltando a lembrar velhas aventuras refiro exposições de Aquariofilia como a de 1983, em que o sr Gualdino de Sousa, com o apoio da CMP e da gerência do então ativo C Com Dallas, organizou a ‘Expo-Aqua nº1’, que infelizmente não teve continuidade.
Pela 1ª edição ficou também a ‘Expozoo 88’, com o apoio da CMP, organizada pelo ‘Aquário Virgínia’ e pela ‘Aquapesca Lda’, no Clube dos Caçadores do Porto.

Nos anos mais recentes têm sido realizadas várias feiras na Batalha, no Porto e em Lisboa e veremos se com o querer e o gostar da Aquariofilia se conseguirão reunir esforços dos Comerciantes e dos Apaixonados deste fascinante passatempo, e, daí, dar corpo a novas mostras locais e nacionais, com tanta facilidade como se de Gatos, Cães ou Aves se tratasse.

Abraço Aquariófilo e tratem bem os Vossos Animais.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A iluminação num aquário

A luz no aquário

Traduzido e adaptado por: Mário d’Araújo

Na maioria dos casos não damos a devida atenção ao tipo de iluminação do aquário, apesar da relevância da mesma. A coloração dos peixes depende da iluminação; as plantas só beneficiam do CO2 com uma intensidade luminosa suficiente. Uma proliferação excessiva de algas pode ser motivada pela iluminação inadequada.

Biótopo vegetal sadio com uma iluminação mais eficaz

As plantas aquáticas não servem só para decorar pois desempenham muitas outras funções biológicas no pequeno biótopo do aquário. Elas produzem O2 e consomem uma parcela considerável de amónio e fosfatos excretados pelos peixes. as plantas também consomem nitratos, desde que disponham da quantidade de Ferro ideal dissolvida na água. Para além disto as plantas retiram da água algumas substâncias tóxicas, como o Cobre, armazenando-as nas folhas, beneficiando assim o meio microbiológico da água do aquário. Mas as plantas só podem levar a cabo estas ‘tarefas’ se receberem uma iluminação adequada.
Um dos fabricantes de produtos de iluminação mais importante do Reino Unido e de acordo com as técnicas mais recentes, a Arcadia apresentou no mercado uma linha de tubos fluorescentes da última geração, de baixo consumo e de elevado rendimento; ao utilizar novos materiais fluorescentes, os tubos não emitem praticamente nenhuma radiação UV (ultravioleta) ou IV (infravermelha) que favorecem a proliferação das algas.

A luz adequada previne a proliferação das algas

A luz emitida pelos tubos Original Tropical, T8, T5 ou Compactas, Freshwater, T8 e T5, e as Plant Pro, T5 e Compactas, situam-se exatamente na banda espectral mais utilizada pelas plantas. Emissões acima ou abaixo desta banda que fomentam a proliferação de algas filamentosas e flutuantes, não são emitidas por estes tubos. A seguir mostramos-lhe, como exemplo, um diagrama de comparação das Plant Pro (ver figura).

As algas utilizam um espectro de luz mais largo do que as plantas e devido ao facto da Plant Pro emitir um espectro mais reduzido do que o que as algas necessitam, a estas faltar-lhes-á uma parte da luz que utilizam (zonas sombreadas).
A emissão de luz da Plant Pro aproxima-se muito das necessidades das plantas aquáticas.
____ Algas azuis
___ Algas verdes
____ Algas vermelhas
________ Plantas

A luz roxo azulada da Plant Pro com os seus 6000 Kelvin, é particularmente adequada como luz adicional nos aquários com muita vegetação. As cores das plantas e dos peixes ficam realçadas; a fotossíntese fica potenciada e com ela o crescimento das plantas. A luz emitida pelos tubos está exatamente situada na zona de espectro utilizado pelas plantas de aquário. A zona sombreada à direita e à esquerda são as que podem ser utilizadas pelas algas, mas não pelas plantas. Já que a luz irradiada pelas Plant Pro cobre exatamente as necessidades das plantas, às algas falta-lhes uma parte do espectro luminoso e com ele uma fonte de energia. Como se mostra no diagrama, as algas não são favorecidas pela emissão da luz. A luz emitida pelos tubos está perfeitamente ajustada às plantas aquáticas; as algas apenas recebem iluminação inadequada diminuindo-lhes assim as possibilidades de subsistência.



Nestas fotos podemos ver a excelente linha de lâmpadas Freshwater e Tropical Original, de fabrico inglês 

Luz natural para aquários naturalmente bonitos

A Freshwater é um tubo da nova geração; produz uma luz diurna incolor, com uma temperatura cromática de 6600 Kelvin e com uma durabilidade de 10000 horas, em funcionamento constante. A claridade tão brilhante (lumen) corresponde à luz tropical do meio dia com céu limpo. Este tipo de luz é adequado para aquários biótopo das zonas tropicais ou de lagos pouco profundos, já que realça as cores naturais dos peixes. Concretamente, este tubo é particularmente indicado para aquários pequenos com espaço só para uma lâmpada.
Marine White proporciona uma luz diurna muito brilhante para peixes provenientes de rios ou grandes lagos. A sua temperatura cromática é de 14000 Kelvin, em tudo idêntica à luz de um dia tropical nublado, ao meio dia e da época das monções. Esta luz é adequada para aquários biótopo da África Oriental e aquários marinhos.
O espectro de emissão apresenta uma maior quantidade de luz azul do que luz vermelha, pelo que daí resulta mais intensidade da cor natural dos peixes originários dos lagos Malawi, Tanganyika e Victoria, bem como dos peixes dos recifes.
Este tipo de iluminação é também sinónimo de boa escolha se temos aquários com peixes Arco Íris ou Kilis.
Original Tropical proporciona, com a sua luz diurna e cálida, as condições adequadas aos aquários tipo selva tropical. Esta lâmpada abrange todo o espectro e proporciona o melhor índice de representação de cores, com uma temperatura média de 4500 Kelvin que corresponde à ténue luz solar do meio de uma manhã tropical.
O índice de representação de cores, de acordo com a DIN (Deutsche Industrie Norm – Norma Industrial Alemã), é a melhor opção e corresponde a cerca de 92% da luz solar natural.
A emissão de raios UV foi reduzida para 2% pelo que se adapta com as necessidades de UVA e UVB dos paludários e terrários tipo selva tropical, com animais que precisam de fraca radiação UV, como por exemplo as aranhas, os escorpiões e outros insectos. Também para algumas rãs (Dendrobatídeas) é necessária a radiação UV para prevenir estados carenciais. Muitos animais de terrário precisam de radiações UVA e UVB para sintetizarem a vitamina D na pele (Desert ou Forest Species); pelas mesmas razões, as Fluorescent Bird Lamps são mais do que adequadas para grandes viveiros de pássaros. Nos aquários comunitários a combinação ideal mais frequente e recomendada é a Freshwater, ou a Original Tropical, ou a combinação das duas, uma na zona posterior e  outra na zona da frente. Desta maneira as plantas crescem robustas, oferecendo-nos uma imagem fantástica; os peixes que nadam na zona da frente brilham com cores magníficas. Com os Fluorescent Lamp Reflectors podemos conseguir um aumento de até 100% na intensidade luminosa.

Pode encontrar uma tabela com todas as combinações possíveis nas lojas da especialidade.

Temos também os Aquários pequenos (Nano Aquários), a que podemos adaptar boas iluminações, neste caso 
lâmpadas fluorescentes compactas (de 13 ou 26W).



Mas podem optar por LED:


   Aqui à esquerda LED 36 RGB  



                                                E aqui à direita LED 60 RGB




A luz, só por si, não é suficiente

Mesmo com o melhor fornecimento de luz é preciso garantir o fornecimento de todas as substâncias alimentares para as plantas já que estas ajustam o crescimento de acordo com o nutriente menos abundante. É necessária a adição frequente de Aqua-Plant Plus ou Aqua-Plant Basic, adubo líquido para plantas com caule e do Ferti-Stick, adubo em palitos para plantas com raízes fortes. 
Um cuidado adicional com o Aqua-Plant 24 + Activator, um potenciador diário para o crescimento com macronutrientes, que proporciona em pouco tempo umas plantas robustas de um verde brilhante e ao mesmo tempo estimula o crescimento de folhas novas. Especialmente importante é a utilização de adubos durante os períodos em que os problemas são mais frequentes, como aquando do corte de raízes ou caules, queda das folhas, mudança de sítio e de fonte luminosa, já que a diminuição do crescimento das plantas pode ser responsável pelo aparecimento de algas indesejáveis. Num aquário com plantas tropicais, a iluminação diária deveria durar cerca de 8 a 10 horas, um pouco menos que um dia tropical. As plantas aquáticas originárias das regiões sub-tropicais e temperadas estão habituadas, durante o período de vegetação, a dias com duração de 14 horas, o que não se pode fazer nos vossos aquários.


marioadearaujo@gmail.com

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Algas no Aquário - Porque é que eu tenho algas no meu aquário?

Porque é que eu tenho algas no meu aquário?

Pesquisa e adaptação: Mário d'Araújo

Existem montes de causas que originam o crescimento de algas nos aquários. As principais, ou mais comuns, são de origem biológica o que dificulta a tarefa do aquariófilo que na maioria dos casos se vê, ou sente, incapaz para controlar ou eliminar esses desequilíbrios biológicos.

E as algas parecem-se com o quê?

O crescimento excessivo de algas é detetável a olho nu e pode ter vários aspetos. Muitas delas são finas, parecem cabelos, outras viscosas formando películas sobre as plantas e decorações, outras parecem pó em suspensão na água, geralmente de cor verde ou vermelho/castanho.

Acima, imagem de aquário com Água verde - http://freshwater-aquarium-passion.blogspot.com/

Geralmente tudo começa com um fina película acastanhada (aquilo a que chamamos ‘filme’) cobrindo toda a superfície do aquário.
 Foto 1
Se não fizermos nada logo teremos uma explosão de micro algas verdes em suspensão na Água que podem levar a grandes 'folhas' verdes, viscosas, que invadem as plantas, as decorações e mesmo o fundo do aquário.

E o crescimento excessivo das algas é um problema?

Uma pequena parte de algas ‘boas’ é sinal de um aquário natural onde os Peixes podem beneficiar da presença das mesmas. Podem acontecer situações temporárias de proliferação excessiva, principalmente em aquários novos, acabando no entanto por desaparecerem por falta de nutrientes. As algas mortas devem ser removidas pois deterioram a água (baixam o pH) durante o processo de apodrecimento. Esta não é pois uma situação muito problemática. O problema é o crescimento excessivo e persistente das algas num aquário

Algas em excesso tornam o aquário feio. Espalhadas pelos vidros e pelas decorações, não deixam ver os Peixes nem as plantas. Acabam por afetar a qualidade da Água e provocam irritações branquiais nos Peixes. Depois acabam por impossibilitar a fotossíntese das plantas do Vosso aquário, fixando-se nas folhas das mesmas.


E existem mais de 25000 espécies de algas que nós não queremos nos nossos aquários ...


Na foto à esquerda podemos ver
algas filamentosas


Foto 2
Fotos acima: 1 e 2: www.aquariumpoetry.blogspot.com

Nos casos mais graves, mais algas do que plantas, devem retirar, arrancando à mão, o máximo de algas que conseguirem. Não deixem restos de algas dentro do aquário. Elas apodrecem, como referido anteriormente.
Podem utilizar produtos algicidas, com o cuidado de respeitarem as instruções de utilização do fabricante, mantendo uma boa vigilância nos filtros que deverão, nestes casos, limpar regularmente. Se tiverem caracóis (Ampularia, por ex:) retirem-nos do aquário antes de utilizarem os algicidas.


Dependendo das espécies de algas a eliminar, da qualidade de água e do algicida escolhido, o processo de ‘remoção das algas’ pode demorar de duas a seis semanas apesar de se observarem efeitos positivos nos primeiros dias do tratamento.
À esquerda para as filamentosas.





À direita para as algas pincel.
Na foto acima, algas verdes tipo película - http://www.gwapa.org/articles/algae/images/bga.jpg

Quase que como para concluir:
Para ser mais específico posso dizer que as algas se propagam alimentando-se de Nitratos e Fosfatos sob certas condições de luz ou melhor dizendo, de espetro luminoso. Mas há no entanto um grande número de outros fatores que fomentam a propagação das algas e isso deixa-nos na impossibilidade de detetar a causa exata do problema. Daí que é muito importante atingir e manter um equilíbrio biológico no aquário, o qual reduzirá as hipóteses de aparecimento das algas e dos seus quase sempre nefastos efeitos.

Um bom equilíbrio biológico é bem mais fácil de conseguir se:
- Tiverem um crescimento saudável das plantas do aquário
- Instalarem a potência luminosa adequada (watts e duração)
- A quantidade de Peixes é a adequada ao tamanho do aquário
- Fizerem mudanças de água regulares (de 10% semanais, ideal)
- Contarem os Vossos problemas ao Vosso fornecedor (que Vos dará de boa vontade todos os esclarecimentos e conselhos necessários)

Então posso concluir que para manter as plantas e os Peixes de forma saudável há coisas muito simples que não devem esquecer:
1 - alimentar as plantas de forma correta com fertilizantes líquidos ou não, de acordo com as instruções do fabricante, de forma a mantê-las com uma boa taxa de crescimento, folhagem bem colorida e raízes fortes.
2 - controlar os parâmetros da água, o pH e o kH essencialmente, que deverão manter entre os 6,2 a 6,8 e de 2º a 8ºdkH, respetivamente, de acordo com as espécies de Peixes que ocupam o Vosso aquário.
3 - com a temperatura entre os 22º e os 28ºC, um bom filtro, de acordo com o volume de água, e ... Pronto!

Aí está um belo aquário que deixará os Vossos amigos maravilhados ao entrarem no Vosso escritório ou na Vossa casa.


marioadearaujo@gmail.com

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ozono - Potencial redox


O Ozono (O3)
Sim ou Não?

Pesquisa e adaptação: Mário d’Araújo

Potencial redox
Quase todos já ouvimos estes palavrões, que para alguns serão coisas banais, ficando depois sem saber lá muito bem para que é ou mesmo o que é que isso é ... Com a linguagem mais acessível (já que não sou químico, nem físico e ás vezes gostaria de perceber melhor o que se passa à minha volta ... ) tentarei transcrever as ideias que permi
tam uma melhor compreensão das vantagens ou desvantagens da utilização do Ozono para conseguirmos melhorar ou mesmo manter um bom potencial redox.

O Ozono (O3) é um conjunto (molécula) de três átomos de Oxigénio. É um gás muito instável, que se desintegra facilmente por redução, com um cheiro, ou odor,, muito característico. O Ozono é produzido quando o Oxigénio é exposto a fortes
descargas eléctricas, como, por ex. más ligações eléctricas e de forma que nos interessa nos geradores de Ozono utilizados para a aquariofilia. Depois das trovoadas pode sentir-se o cheiro do Ozono no ar. Mesmo em concentrações baixíssimas, de 1 para 500 000, se sente o cheiro do Ozono (factor muito importante no nosso passatempo).

Os aquariófilos utilizam o Ozono pelo seu forte poder oxidante. O Ozono consegue decompor moléculas sem produção de subprodutos nocivos,
como acontece com a decomposição bacteriana. O efeito do Ozono pode ser explicado assim:

..................................O3...................O2..................O3....................................................
moléculas orgânicas---> à amónia ---> à nitritos ---> à nitratos
..................................................bactérias.......................................................................

(Segundo de Graaf,1998)

Mas temos que deixar aqui um aviso à navegação,
que é deveras importante:

O Ozono é extremamente tóxico para todo o tipo de animais vivos.
Não deve nunca ser introduzido directamente nos aquários

Mas então se é assim perigoso o melhor é nem pensar mais nisto ...
Engano, meus amigos, engano ... Todos nós reco
rremos ao médico, quando estamos doentes, e, na maioria dos casos, tomamos um monte de medicamentos que têm tanto de bom quanto de mau ...

O método mais vulgar na utilização do Ozono é a mistura deste com o ar utilizado nos espumadores de proteínas. A dosagem deve ser regulada de modo a que todas as moléculas de Ozono se desintegrem antes da saída da água do espumador para o aquário. Podemos controlar isto pelo cheiro junto ao espumador, apesar de ser um método pouco seguro.

E o Ozono compra-se em saquinhas ou em pastil
has? :-) claro que não ...

Pois não se compra de nenhuma destas maneiras. Consegue-se obter com a ajuda de equipamentos específicos, de médio / alto custo, que são os Ozonisadores, que opor sua vez são de fácil manuseamento e instalação.
Deixo aqui a sugestão dos que mais utilizei com bons resultados, da marca 'sander', cujo modelo 50 serve para a maioria dos aquários.




que deveremos ligar a um bom controlador electrónico de Ozono, que aqui deixo como sugestão o modelo Tunze 7071/2

Para garantir uma boa produção de Ozono no ozonisador, o ar que neste passa deve (ou deveria) estar bem seco. Existem alguns equipamentos específicos para a secagem do ar disponíveis no mercado, mas podemos utilizar um tipo ‘faça você mesmo’ com uma mistura de sílica-gel, carvão activado e, se quiser, sal muito grosso. Há montes de aquários de recife com ozonisadores instalados, todos eles, os aquários, muito bonitos e de aspecto saudável. Mas há quem duvide das vantagens ou benefícios deste tipo de instalação com um produto que apresenta alguns riscos associados. Não podemos esquecer (já ouviram falar no ‘buraco do Ozono’?) que este elemento também é tóxico para os seres humanos (Wendler, 1986).

Passamos agora a uma área agradável para alguns e sinistra para outros.
Ora instalem-se de forma confortável e ... aqui vai!!

Da teoria
A designação potencial ou valor ‘redox’ é a forma compacta da junção de duas palavras: ‘Óxido-redução’. Concretiza-se pela medição do potencial eléctrico (em mV – milivolts) entre os diferentes átomos e moléculas presentes na água e para melhor se compreender este tipo de fenómeno vou ter que abordar o princípio que nos leva às ligações dos electrões.

Os átomos têm um núcleo carregado positivamente (composto por protões positivos e neutrões sem carga) e uma coroa de electrões, estes de carga negativa. Se os protões forem tantos quantos os electrões os átomos são neutros. Se têm mais protões do que electrões, implica uma carga positiva, chamam-se catiões. No caso de terem mais electrões do que protões, implica uma carga negativa, são os aniões.

Não vale a pena repetir, pois não?

Ora os átomos e as moléculas tendem naturalmente para a estabilidade. Um átomo instável tentará por separação ou por combinação eléctrica atingir esse estado de estabilidade. Esta operação pode implicar a anulação de cargas eléctricas de modo a permitir que o outro interveniente na reacção receba ou ceda electrões. Assim a redução e a oxidação acontecem sempre ao mesmo tempo. Uma substância que liberta electrões será oxidada e a outra que os recebe será reduzida.

E agora vocês perguntam: ‘Mas então isto é que é uma explicação fácil?’ ... por acaso até é mesmo que não saibamos lá muito bem o que são estas coisas todas ... tenham calma ...

E agora um pequeno exemplo:
Uma pitada de sulfato de ferro num copo com água muda a cor desta para verde azulado. A simples injecção de ar na água (com um difusor ou não) provoca uma mudança da cor da mesma primeiro para cinzento sujo e depois castanho amarelado. Esta reacção é muito mais rápida se injectado ozono (uma oxidação mais forte do que com oxigénio) ou quase instantânea se adicionarmos uma gota de peróxido (água oxigenada concentrada).

E o que é que aconteceu?
Com a adição do oxigénio, do ozono ou da água oxigenada transformámos o sulfato de ferro II em sulfato de ferro III, pela oxidação do ferro II em ferro III. A oxidação (só para lembrar ... ) é o aumento da carga positiva por libertação de electrões.

Oxidação = libertação de electrões

O oxigénio serve de ‘parceiro’ nesta reacção utilizando os electrões libertados. Mas a sua concentração diminui.

Redução = utilização dos electrões

O oxigénio oxida o sulfato de ferro, é o oxidante. O ferro II reduz o oxigénio, é o redutor desta reacção.

A reacção pode ser vista desta forma:

2Fe2+ + O2 => 2Fe3+ + O2²¯

(ai que isto vai de mal a pior ... podem não acreditar, mas eu nunca gostei muito de química e estas coisas ainda me deixam com um certo nervoso miudinho ... mas há sempre alguém que trata estas coisas ‘por tu’ que nos pode dar uma ajudinha nos casos mais complicados)

Até à data, a medição do potencial redox é feita com todo o tipo de eléctrodos, o que nos leva a alguns erros na área da aquariofilia. Na área das análises laboratoriais os eléctrodos de platina e prata são os mais utilizados. Assim, do ponto de vista científico, as nossas medições do potencial redox não estarão correctas.

O potencial redox padrão é obtido pela medição numa solução de 1 mole (valor teórico da quantidade de moléculas, obtido a partir do nº de Avogrado) de iões metálicos a 18ºC com um eléctrodo de hidrogénio/platina. Convencionou-se o valor de 0,00mV para esta leitura. Por outro lado os eléctrodos de Platina/Kalomel ou de Prata/Cloreto de prata têm potencial próprio (ver Tabela) que deverá ser adicionado ao resultado final ...

(calma, calma ... já vamos explicar isto)

Mas para mal dos nossos pecados a literatura da especialidade, a nossa aquariofilia, ‘esquece-se’ destas correcções numéricas o que na maioria das vezes nos leva a valores muito diferentes da realidade. Nestes últimos anos generalizou-se esta utilização de valores de redox não corrigidos. Por isso é muito importante indicar o tipo de eléctrodo utilizado na medição do redox.

Podemos agora apresentar uma tabela comparativa de valores de redox (medido em mV) obtidos com eléctrodos de platina/prata e com um eléctrodo de referência de hidrogénio/platina, em função da temperatura:

_____________________________________________________________________

Temperatura------------Eléctrodo de prata--------------Eléctrodo de platina------------------ ----(ºC)-----------------------(Hg/Kal)---------------------(Ag/AgCl-KCl)--------------------
------5---------------------------257----------------------------216
-----10-------------------------- 254----------------------------212
-----15-------------------------- 251----------------------------207
-----20-------------------------- 248----------------------------202
-----25-------------------------- 244----------------------------197
-----30--------------------------241-----------------------------192
_____________________________________________________________________

A influência da temperatura

O potencial redox está de certa forma dependente da temperatura. Na aquariofilia não é um factor relevante atendendo às pequenas variações envolvidas, de 25ºC a 27ºC.

A influência do pH
O valor redox está interligado com o valor do pH da água. O valor redox evolui de forma inversamente proporcional ao pH e vice-versa. Teoricamente uma unidade de pH corresponde a 57,7mV, mas também aqui temos as excepções. Citaremos a título de exemplo uma experiência escolar realizada com azul de metileno:

Para uma subida de pH de 5 para 6, o redox deveria baixar 57,7mV. Na realidade desceu 54mV. Subindo o pH de 6 para 7 verificou-se que o redox baixou só 36mV!
Por esta razão existe, de forma idêntica à do pH, um valor rH que podemos calcular de acordo com a seguinte fórmula:

rH = mV ¸ 29 + (2 x pH) + 6,67

Devido a esta dependência pH – redox, deveremos sempre indicar o valor do pH para o redox obtido (caso não se utilize o rH).

De acordo com Baumeister, 1990, o potencial redox padrão seria formulado da seguinte forma:

medição: 340mV (eléctrodo de platina, temp. = 25ºC, pH = 8,2)

E para agora chega de coisas complicadas ... passamos à fase mais utilitária de toda esta conversa que espero tenha para todos vocês algo de proveitoso.

Que tipo de utilização em aquariofilia?

De uma forma muito sucinta, o potencial redox desempenha um papel muito importante nas reacções químicas e bioquímicas (biológicas) da natureza. Imensos processos vitais (como a respiração, por ex:) estão dependentes deles. Valores redox elevados encontram-se em ambientes fortemente oxigenados enquanto que valores de redox baixos indiciam uma falta ou défice de oxigénio que podem originar fenómenos de redução (situação anaeróbia). A redução (falta de oxigénio) pode ser causada por excesso de alimentação que leva à amónia e aos nitritos. Uma água sobrecarregada de matéria orgânica é sempre uma água com baixo potencial redox, ao contrário da água limpa que tem sempre um potencial redox elevado.

A medição do potencial redox num aquário permite visualizar a soma dos processos de oxidação e de redução entre o eléctrodo e a água a medir (com todas as substâncias que nela estejam dissolvidas). A medição deve ser feita de modo contínuo, dias ou semanas, em função do tipo de eléctrodo e respectiva adaptação ao meio. A monitorização do potencial redox durante um certo período de tempo (voltamos a frisar que o ideal é um controlo permanente), permite-nos avaliar a estabilidade do aquário e qual a sua capacidade de reciclagem. Geralmente, qualquer alteração feita no aquário provoca flutuações no potencial redox. E assim podemos prever algumas situações que levam à degradação da água do aquário ou originadas pela má qualidade da mesma. Não existe um valor ideal mas temos muitas indicações retiradas da prática que nos deixam dentro de uma margem de segurança ou de melhores resultados obtidos.

Um aquário marinho equilibrado mostrará valores entre os 250mV e os 400mV. Se estiver sobrecarregado de nutrientes e com forte crescimento de algas o valor redox poderá situar-se entre os 200mV e os 300mV. Uma subida do potencial redox trará alguns resultados interessantes nos aquários de recife (Wienandt, 1992) como a eliminação das algas negras e filamentosas. Esta subida consegue-se com uma difusão controlada de ozono. Para isso bastará utilizar um leitor/controlador de potencial redox, ao qual ligaremos um ozonisador, o que de forma segura e eficaz permitirá a obtenção de valores até 450mV, perfeitamente aceitáveis.

A quantificação do potencial redox é de extrema importância na manutenção de um filtro de nitratos, no qual o valor redox ideal será de –50mV a –200mV ( sim, sim, valores negativos). Valores mais baixos (de –300mV, por ex:) são de evitar pois que aparecerão os sulfatos e outros produtos tóxicos transformados pelas bactérias anaeróbias (e lá enfrentaremos aquele cheiro a ovos podres!!!).

A programação de valores redox, conforme acima mencionados, também é válida para os aquários de água doce. Com um controlador redox podemos como que visualizar todos os processos de oxidação e de redução. A experiência adquirida dar-lhe-á a possibilidade de reconhecer o bom ou mau funcionamento dos seus sistemas biológicos ou bioquímicos. A adição de ozono ou a melhoria dos sistemas de filtragem (melhoria da oxigenação) são os passos a seguir para a criação de boas condições de modo a obter valores estáveis de potencial redox

Como sugestão podemos recomendar o equipamento de controlo/leitura da Tunze modelo TU7075 acoplado aos novos modelos de ozonisadores da Sander com débitos de 50mg/h até 500mg/h.

Voltaremos a este tema brevemente, com bibliografia um pouco diferente de modo a disponibilizar mais informações neste infindável mundo de paixões redescobertas que é a Aquariofilia.

marioadearaujo@gmail.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

As nossas asneiras

Os peixes tropicais nos nossos aquários
Tanto gostamos deles ... que os matamos!!

Pesquisa e desenvolvimento: Mário d’Araújo

A venda de peixes e plantas aumenta consideràvelmente todos os anos a partir dos meses de Setembro e Outubro. Isto acontece porque durante os meses de Verão e depois dos períodos de férias, as baixas são numerosas. Claro que as causas destas baixas são variadas e realçamos aqui as três causas mais usuais.
- aquários mal equipados
- manutenção inadequada dos aquários
- condições físico-químicas da água

Poderemos também, num futuro próximo, abordar a as baixas produzidas pela venda de peixes de qualidade duvidosa ou mesmo doentes.

Aquários mal equipados

A maioria dos ‘kit’s’ disponíveis no mercado, nas grandes superfícies e mesmo nas lojas da especialidade, incluem um sistema de filtragem deficiente, para além de lâmpadas de qualidade duvidosa e outros acessórios que mais cedo ou mais tarde não servem para nada.
Isto leva a que o aquário admita muito menos peixes do que os que o seu proprietário deseja. E permite-nos concluir também que existem situações de informação incompleta, ou mesmo errada, por parte de algum comércio dito da especialidade no que diz respeito às reais capacidades de suporte animal e vegetal dos aquários.

Durante os fins de semana de ausência ou nos períodos de férias é de todo recomendada a utilização de alimentadores automáticos, que distribuem a comida normal a que os peixes já estão habituados com doses definidas e não aquelas bolas, peixes, conchas, etc., a dita ‘comida de férias’, que tem muito menos alimento, deterioram a água e a curto prazo matam os peixes.

Também precisamos de um relógio, programador horário, para acender e apagar a luz do aquário à hora certa – a maioria das espécies são activas durante o dia. Sem este sistema, se o aquário fica às escuras por largos períodos de tempo, a comida que existir não será consumida, provocando também a deterioração da água e consequentemente a morte dos peixes. Se pelo contrário deixarmos a luz acesa dia e noite, morrerão alguns peixes por esgotamento e favorecemos o aparecimento de algas no aquário.

Como que para terminar:
uma filtragem deficiente com excesso de peixes, alimentação inadequada ou exagerada, luz ou ausência desta 24 horas por dia, são factores que aumentam a taxa da mortalidade nos meses de Verão.

Manutenção inadequada dos aquários e condições físico-químicas da água

Qualquer aquário necessita no mínimo de manutenção mensal com mudança parcial de água, limpeza do filtro, aspiração do fundo, substituição de plantas velhas ...
Muitos comerciantes não o sabem ou não o explicam correctamente aos seus clientes. E com esta falha de informação temos muitos ‘aquaristas’ a realizar grandes limpezas aos aquários alguns dias antes das férias ou quando chegam de férias porque os aquários estão uma desgraça. Então a mais comum das atitudes é: mudança de água quase total, limpeza das pedras e da areia, mudança total das matérias filtrantes ... e estão convencidos de que desta maneira deixarão o aquário em condições perfeitas. Nada de mais errado!! Num aquário não se pode mudar tudo ao mesmo tempo porque ao retirarmos os resíduos orgânicos acumulados na areia e no filtro do aquário, também eliminamos toda a massa biológica quer da areia quer do filtro, massa esta que é imprescindível para a estabilidade química e biológica da água do aquário.
Estas mudanças de água e limpezas gerais têm consequências nefastas para os nossos peixes porque, de repente, alteramos parâmetros tanto físicos como químicos da água do aquário. Como exemplo de uma mudança física, quando faz uma mudança de água é quase certo que a temperatura vai sofrer alterações. Essas alterações podem originar doenças, sress e inadaptação ...
Como exemplo de mudança química numa água antiga o valor do pH baixa, ficando ácido, e o valor do kH tem tendência para desaparecer (valor 0), deixando de existir o efeito tampão sobre o pH. Toda a água nova que pusermos no aquário levará o pH para valores neutros ou alcalinos e também subirão os valores do gH e do kH. Não podemos esquecer que falávamos do valor 0 de kH.

Estas mudanças químicas podem matar os peixes em pouco tempo que mudam de um pH para outro com a mudança exagerada de água. Caso consigam resistir à variação do pH ficam no entanto sob ‘stress’ e daí expostos a infecções quer bacterianas quer parasitárias como problemas na mucosa da pele ou nas guelras e por vezes a simples adição do sera costapur é a ajuda que faltava.

Quando eliminamos toda a flora bacteriana do filtro damos início a novo ciclo do Azoto, processo de nitrificação, que origina logo o temível amoniaco e os nitritos. Este processo ainda se agrava mais, conforme já referimos antes, porque os peixes sob ‘stress’ comem muito menos e estão a produzir mais mucosa do que o normal para se protegerem da agressividade de toda a água nova que se introduziu no aquário. Então estamos a dar ao filtro uma carga orgânica que mecânicamente pode ser controlada mas que o mesmo não consegue biodegradar. Como consequência os valores do amoníaco e dos nitritos podem atingir valores letais para a maioria dos peixes.Nestes casos recomendo os sera aquatan, sera nitrivec e se necessário o sera toxivec.

E então?
É preciso evitar as limpezas totais do aquário, principalmente aquários instalados há muito tempo com peixes e plantas. Neste campo devem os comerciantes desempenhar um papel importante de informações que evitem os massacres quer do Verão quer de Setembro e Outubro ou quaisquer outros períodos do ano.


marioadearaujo@gmail.com

Os Camarões na água doce

Os Camarões nos aquários de água doce
Convidados especiais da América do Sul e da Ásia


Texto de: Hans Gonella
Tradução e adaptação: Mário d’Araújo



Apesar de podermos manter certos camarões de água doce em convivência directa com algumas espécies de peixes, vale a pena instalar um aquário específico para estes crustáceos. Só assim se poderá observar o seu interessante comportamento sem que se sintam perturbados.

Poucos aquariófilos resistem à tentação de manter camarões com os peixes dos seus aquários. Há décadas que isto acontece e para além disso, se respeitadas as condições necessárias, estes crustáceos acabam por se tornar hóspedes agradecidos e ao mesmo tempo gratificantes. Em particular o Atya moluccensis. Para além dos desejados camarões de água doce, enumeraremos também algumas espécies que passam o estádio juvenil em água salgada, subindo depois pelos rios de água doce para se reproduzirem.












Na foto à esquerda
o Caridina japonica





A manutenção de camarões japoneses Yamatonuma (Caridina japonica) em aquários com plantas demonstrou-se muito interessante, considerando que estes crustáceos colaboravam de forma eficaz no combate às algas. Mais recentemente já foram descritas reproduções bem sucedidas em aquário.

O equipamento necessário para um aquário específico

Para melhor observarmos os camarões é preferível instalar um aquário só para eles. Algumas espécies reproduzir-se-ão sem problemas e não se esperará muito para passar de poucos exemplares para uma população numerosa.
Ùltimamente os aquariófilos têm mostrado um interesse crescente pelas espécies do género Neocaridina e Caridina. Ganharam, com toda a razão, a fama de eliminarem as algas das plantas e das decorações. Desde que foi detectada esta predilecção por algumas algas, tornou-se espectacular a popularidade dos camarões, em particular das espécies mais pequenas, nos nossos aquários.
A maioria das espécies importadas são de pequenas dimensões, apenas alguns centímetros, aparecem por vezes alguns gigantes, com 15cm ou mais. As mais pequenas podem ser mantidas e reproduzidas em aquários de apenas 20 litros, mas os seus parentes mais crescidos precisam de pelo menos 100 litros de água. E mais uma vez se torna válida a regra “quanto maior (o aquário) melhor”. De facto o volume afecta directamente a qualidade e a estabilidade da água. acima de um volume de 100 litros, a qualidade da água está sujeita a oscilações menos bruscas do que num aquário pequeno. Com mudanças regulares, de duas em duas semanas, de parte da água e alimentação moderada, ficam quase que excluídas as hipóteses de poluição preocupante. Isto melhora a qualidade de vida dos camarões que ficam mais estimulados para a reprodução.
Para a criação dos camarões de água doce, o aquário pode ser montado como normalmente para os peixes, mas com um filtro relativamente potente. O Atya moluccensis necessita de fortes correntes de água. Ficam parados contra a corrente de água que transporta partículas de alimento que levam logo para a boca.
Outras espécies mais pequenas precisam apenas de filtros mais simples, ligados a bombas de ar, evitando assim que os recém-nascidos sejam aspirados pelos mesmos.

Por outro lado os camarões encontram um vasto leque de substâncias nutritivas nas matérias filtrantes a longo prazo.
Um factor importante é a limpeza da água e uma boa oxigenação. Mesmo com espécies fáceis, que teòricamente se conseguem manter sem grandes despesas, não se deve prescindir de um sistema de filtragem. Sem filtros implica uma maior perda de tempo com manutenção, por ex: mudanças de água muito mais frequentes.
Como a maioria dos camarões é originária de zonas quentes, a água deverá ser mantida entre os 22ºC e os 26ºC. Mas o camarão japonês Caridina japonica suporta a falta de aquecimento.

Não prescindimos das plantas

Seria de facto um pecado renunciar a uma densa vegetação num aquário para camarões. Em particular as espécies asiáticas mais pequenas, passam a maior parte do tempo a limpar as folhas das plantas. Mesmo a fina folhagem do musgo de Java é limpa de forma incansável. É sobre as plantas que encontram o mais variado material comestível, como algas e microorganismos, com que gostam de se empanturrar.
Para conseguir um bom crescimento das plantas é necessária uma boa iluminação no aquário. Podemos optar por tubos fluorescentes, combinando por exemplo as lâmpadas sera Tropic Sun, sera Plant e sera Daylight. Geralmente os aquários já trazem iluminação incorporada a qual muitas das vezes é de qualidade duvidosa. Alertamos para que, nestes casos, verifique se as lâmpadas instaladas são indicadas para aquário, de modo a possa obter bons resultados com as plantas e daí as melhores vantagens para os camarões.

Os filamentos em constante agitação na água para captura de plâncton de imediato transportado para a boca. Para se saciar o Atya moluccensis tem que trabalhar muito.

A decoração

Para um aquário de camarões de água doce utilizaremos areia de granulometria média, que não liberte muito cálcio, no fundo. Junto com algumas rochas decorativas, um elemento imprescindível são as raízes de madeira. Muitas espécies vivem sobre elas “polindo-as” com todo o cuidado. Uma vantagem para o aquariófilo que pode pôr raízes não polidas no aquário que ràpidamente serão limpas pelos camarões.
No que diz respeito às plantas pode escolher pràticamente todas as que estejam disponíveis no mercado da especialidade. E pequenos grupos de plantas de folhas finas, oferecem enormes quantidades de microorganismos que os camarões consomem àvidamente. Por outro lado as plantas possibilitam refúgios espectaculares aos nossos camarões. Uma boa vegetação dá mais possibilidades de sobrevivência aos recém-nascidos, que encontrarão sempre alguma coisa para comer pois que as folhas das plantas permitem a sobrevivência dos mais variados organismos nutritivos.

Aconselhamos não só o musgo de Java (Vesicularia dubyana) mas também Echinodorus, Vallisneria, Cryptocoryne, Ceratophyllum, Elodea e muitas outras.

Espécies e variedades

Dos camarões de água doce conhece-se um enorme número de espécies e variedades. Muitas originárias da América do Sul mas em muito maior número da Ásia. A diversidade de formas e sobretudo das cores, atrai aquariófilos de todo o mundo. Como por exemplo os pequenos Neocaridina que podem, sem exagero, graças às suas cores magníficas, comparar-se a algumas espécies de água salgada. Ou então todas as variedades dos camarões zebra (camarões abelha) ou dos camarões tigrados.
Os camarões são comercializados com nomes fantasiosos que por vezes dificultam a identificação da espécie a que pertencem. Por outro lado a variação de cores ou de aspecto dentro da mesma espécie não facilita mesmo nada a classificação destes crustáceos. Com efeito algumas populações ou criações apresentam características tão diferentes que levam o observador a duvidar se se trata efectivamente da espécie referenciada. Variam as cores e os desenhos dentro de uma mesma espécie, em particular as listas e os pontos, que podem ser mais ou menos pronunciados ou mesmo imperceptíveis. Estas diferenças podem estar ligadas à necessidade que os camarões têm de se mimetizar. Em particular os mais pequenos que na natureza quando não se podem esconder recorrem a este estratagema.
Como certeza sabemos que os aquariófilos “descobriram” uma pequena parcela das numerosíssimas espécies de camarões de água doce. O futuro reserva-nos muitas surpresas em relação a espécies a descobrir. Principalmente nos aquários japoneses têm sido descritos camarões espectaculares oriundos da Ásia, que ràpidamente chegarão aos apaixonados da Europa.


Atya moluccensis importado da Ásia em várias mutações cromáticas. Para lá das variações de cor, do bege ao castanho escuro, podemos encontrar várias intensidades de cor na faixa dorsal.
Também dos Caridina japonica se conhecem várias mutações cromáticas

Alguns exemplares para vocês conhecerem:

















quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Guppy

Fichas de peixes

E assim voltamos ao princípio: o Guppy






Na foto vemos um cardume de Guppy
criados em casa





Pesquisa e adaptação:
Mário d'Araújo









Na foto um exemplar
macho de bela coloração







Começando pelo passado

A maioria do(a)s aquariófilo(a)s, ainda menino(a)s, tiveram as primeiras aventuras aquáticas com o conhecido guppy (Poecilia reticulata) que há pouco tempo passou para Lebistes reticulatus. Uma grande parte dele(a)s mudaram para espécies de maior dificuldade, à medida que evoluíam os seus conhecimentos. Na maioria dos casos o primeiro amigo ficou esquecido. No entanto aquela atracção do Guppy, que nos fascinou ainda crianças, pode ser ainda mais interessante mesmo para aqueles que já ‘sabem tudo’ (ou quase tudo).
Nunca é tarde para começar de novo com um dos peixes mais bonitos do comércio. Nenhuma outra espécie oferece cores tão brilhantes, resistência, facilidade de reprodução e uma beleza tão natural como o Guppy. Quando introduzimos um cardume num aquário só para Guppys ou num aquário comunitário em conjunto com espécies tranquilas, o resultado final pode ser simplesmente deslumbrante! Um preço razoável que permite praticamente a todos, novos ou velhos, fazer parte do universo de um dos nossos amigos mais antigo: o Guppy.
Outra das razões que fizeram a popularidade do Guppy ao longo dos tempos, é a pacificidade da sua natureza. São os hóspedes ideais pela sua resistência, capaz de aguentar as ‘escorregadelas’ do principiante e não só. Muitas vezes se diz que são peixes tímidos, o que não corresponde à verdade: eles gostam de se pavonear nas zonas de água livre, bem à frente do aquário, tornando-os os favoritos da miudagem. É a eles que todas as outras espécies tropicais devem agradecer a popularidade que atingiram. Uma história longa, com mais de 100 anos de reprodução em cativeiro (na América), que faz dele um dos mais baratos e interessante peixe tropical.

História?

Vamos gastar algumas linhas com as origens e habitat deste pequeno peixe, nativo da América, passando pelos Barbados e Trinidad. Esta pequena maravilha é reproduzida com fins comerciais em praticamente todo o mundo. No passado, algumas fugas dos circuitos de criação, permitiram o alargamento dos territórios naturais dos Guppys. O seu nome deriva do Reverendo Robert John Lechemere Guppy que enviou alguns exemplares para o Museu Britânico em 1866, onde recebeu o nome de Girardinus guppi, conforme descrito por A.C.L. Guenther, que lá trabalhava e que tinha conhecimento do nome Girardinus reticulata, escolhido pelo entusiasmado Wilhelm Peters , em 1859, quando recebeu a primeira remessa de Guppys, da Venezuela. Cerca de 70 anos mais tarde, as experiências dos cientistas russos Samokhvalov, Kirpichnikov e Blacher levaram à descoberta da genética do Guppy em 1939. Uma pesquisa subsidiada pela fundação Carlsbad, com os lucros obtidos na venda de cerveja (que é o que se deve beber quando o chefe não está a ver!).
Debaixo da alçada do império britânico, os Guppys foram introduzidos em várias regiões tropicais para controlar as larvas de mosquitos, num esforço para reduzir os riscos da malária. Muito mais tarde descobriu-se que o peixe-mosquito (Gambusia holbrooki) cumpria esta tarefa com muito mais eficácia, substituindo, por isso, o Guppy nessas funções. Infelizmente, e quase demasiado tarde, também se descobriu que a agressividade do peixe-mosquito levou quase à extinção muitas espécies nativas.
Os Guppy selvagens não têm comparação com os seus congéneres de cativeiro. A linhagem selvagem é mais pequena e pouco colorida. As fêmeas são castanhas ou acinzentadas, com barbatanas quase sem cor ou mesmo descoloridas. A pele das fêmeas está coberta de pequenas células de pigmento negro, melanóforos, que permitem uma rápida mudança de cor em caso de perigo. Se, por acaso, estiverem perto de fundos arenosos, conseguem clarear a cor de modo a passarem despercebidas. O mesmo peixe consegue activar as células de pigmentação escura, caso se desloque para zonas rochosas mais escuras..

Características físicas

O Guppy pertence aos Ciprinodontídeos, que incluem os vivíparos (platys, guppys, espadas, etc.) e ovíparos (killis). Este grupo inclui todos os peixes com pequenos dentes nas maxilas e são, em certas zonas, chamados de ‘carpas dentadas’ (toothcarps).
As fêmeas guppy crescem até 6,5cm, e começam a procriar com 2,5cm. Os machos atingem apenas 3,5cm e têm um corpo mais pequeno que o das fêmeas. Os machos ostentam cores muito bonitas, ao contrário das fêmeas, que são pouco coloridas. As novas técnicas de criação e os cruzamentos feitos ao longo dos últimos anos deram origem a novas linhagens de fêmeas com barbatanas coloridas e/ou parte do corpo colorida.
Também existem, ainda, alguns criadores menos escrupulosos, que utilizam hormonas para coloração dos seus animais. Certifique-se de que não compra animais obtidos desta maneira imoral, pois que um dos efeitos secundários é a esterilidade.
Os guppys podem ser classificados pela cor, forma e tamanho das barbatanas. As cores variam de linhagem para linhagem e vão das cores fortes às tonalidades pastel (mais suaves). As caudas apresentam as mais variadas formas e tamanhos, desde a cauda-de-lira, a delta, a laçarote, a espada (simples e dupla) até à redonda (vulgar nas fêmeas).

E o aquário?

Não é novidade para ninguém, que já teve o prazer da presença dos guppys, que eles aceitam água nas mais diversas condições, com ou sem sal. Apesar da aceitação desta flutuação dos parâmetros da água, não quer dizer que não lhes proporcionemos a melhor qualidade de água possível.
Não os devemos meter, NUNCA, em globos de vidro ou equivalente. Eles merecem de facto as mesmas condições de vida que as espécies muito mais caras.
Escolha sempre o maior aquário que as suas finanças (ler: a sua mulher/o seu marido) autorizem. Proporcionando uma boa qualidade de água (devidamente acondicionada), que podemos manter com um pH de 6.2 a 7.2 (verificar com testes adequados) sem variações bruscas, e uma dureza de 10ºdgH a 20ºdgH (que pode controlar com um teste de dureza total e corrigir, se necessário, com um produto adequado, por exemplo com o sera-sal mineral). Uma boa filtragem e um ambiente (decoração) quase como na natureza, o(a) aquariófilo(a) será premiado(a) com muitos anos na presença de um belo aquário e muitas criações.
A temperatura ideal ronda os 24ºC (basta verificar com um termómetro de aquário), que serve perfeitamente para o período de reprodução. Conforme a origem poderá ser necessário acrescentar (ou não) um pouco de sal (aquele que é utilizado para reconstituir a água dos aquários marinhos) na água (de 0 a 1g/litro). Mesmo deixados sem muitos cuidados, os guppys continuam a reproduzir-se, por isso não se esqueça de considerar no espaço do seu aquário e no equipamento de filtragem: as próximas gerações!

A fábrica de bebés ...

A maturidade em curto espaço de tempo é uma das razões que faz do guppy um peixe tão popular. São ovovivíparos, com fertilização interna. Os bebés nascem auto-suficientes. Os pais não colaboram em nada, quanto às necessidades dos filhotes. No entanto isto não parece afectar os jovens guppys em nada, que, caso não haja problemas, crescerão rapidamente até à maturidade.
A evolução da espécie levou à transformação da barbatana anal do guppy em órgão sexual, o gonopódio. Este órgão, de carácter único, transfere o esperma, do macho para a fêmea, através da cloaca desta. O gonopódio é o resultado da fusão do terceiro, quarto e quinto espinhos da barbatana anal, típico dos Ciprinodontídeos. Na extremidade deste órgão podemos encontrar uma série de pequenos ganchos que permitem a fixação do macho à fêmea durante a cópula. Uma fêmea poderá parir de 20 a 40 crias, dependendo do seu tamanho. Regra geral, quanto maior é a fêmea, maior é o parto. O recorde mundial (até à data) é do Chicago Shedd Aquarium que registou 244 pequenos guppys de uma só fêmea, tendo sobrevivido 238! Outra particularidade das fêmeas é a de poderem ter vários partos seguidos, sem inseminação prévia, portanto, sem a presença dos machos. Este fenómeno é chamado de superfetação e ocorre pelo facto de existirem pregas, na zona genital das fêmeas, que armazenam o esperma, até que este seja necessário para a fertilização.
De modo a preparar uma reprodução selectiva, o(a) aquariófilo(a) deve escolher primeiro, vários guppys que apresentem as mesmas características as quais nós acreditamos que poderá intensificar e assim criar uma linhagem de guppys com aquilo a que se pode chamar hereditariedade. Estas características passam pelas caudas longas, coloração fora do vulgar, ou outras que possam fazer as delícias do(a) criador(a).
Escolha fêmeas da mesma linhagem dos machos de modo a reforçar a linha genética e ao mesmo tempo poupar um tempo precioso na busca de uma nova variedade.
Devido ao facto de poucas linhagens serem ‘puras’ (produção de peixes iguais de umas gerações para as outras) é muito provável que lhe apareça uma característica nova em poucos anos. Há uma série de novas variações que podem ocorrer, também durante as mutações. O único problema é que uma grande parte destes ‘mutantes’ são estéreis ou portadores de genes recessivos. As possibilidades de conseguir uma mutação ao longo de algumas gerações, necessárias à produção de uma linhagem ‘pura’, são tentadoras. Mas muitos de vocês já sabem que tudo pode acontecer no que toca a reproduções.
O processo utilizado para obter a tal linhagem ‘pura’ é conhecido como procriação consanguínea. O primeiro passo é a escolha de um casal com as mesmas características e do qual vocês gostem. Coloquem-no dentro de um aquário de 40 litros com filtro de esponja e algumas plantas flutuantes como local de parto e protecção para os recém-nascidos. (alguns guppys são predadores dos próprios filhos e outros não).
É fácil de ver quando é que as fêmeas estão grávidas, pelo volume da zona abdominal e pela mancha negra da gravidez na mesma zona, que vai escurecendo cada vez mais. Durante a gestação deverá adicionar algumas gotas de vitaminas no alimento antes da distribuição do mesmo. Depois do parto elas darão à luz novamente no espaço de um mês.
Da primeira criação, já adulta, escolha uma fêmea saudável e junte-a com o pai. Na geração seguinte escolha outra fêmea de boa qualidade e junte-a com o avô. E assim sucessivamente durante várias gerações o que lhe permitirá definir aquelas características que pretende.
O professor Winge, da Dinamarca, utilizou este processo durante 24 anos sem qualquer introdução de ‘sangue novo’. O resultado que obteve foi uma linhagem de guppys de maior tamanho e mais fortes, sem quaisquer sinais de deficiências resultantes do processo.
Controle as novas gerações e veja se algum macho apresenta alguma característica nova que possa originar novas linhas. Se o primeiro macho morrer, escolha um filho saudável e continue todo o processo a partir daí. Este processo é mais eficaz do que o cruzamento de meios-irmãos.
Conforme as crias vão crescendo deve separar (sexagem) as fêmeas dos machos. Elas podem acasalar e reproduzir-se num curto espaço de tempo, a partir dos 4 meses de idade.

Restaurantes recomendados...

Os recém-nascidos podem ser alimentados com alimento de dimensão apropriada (por exemplo, sera-mikropan; se quiser pode fazer uma papa, misturando-o com água) várias vezes ao dia, alternando com artemia recém-nascida, para garantir um crescimento saudável. Utilize muitas plantas, umas com raiz e outras flutuantes, para que as crias se possam esconder e ao mesmo tempo crescer sem problemas. Sagittarias, fetos americanos, synnemas, cabombas e muitas outras espécies servem perfeitamente. Os guppys são omnívoros e gostam de carne e vegetais. Por isso, uma dieta equilibrada deverá incluir alimentos com componentes animais e vegetais, como as dietas sera fd e o sera flora.
Nota: a distribuição desregrada de tubifex pode originar hidropisia.
Umas pequenas lambarices de espinafre ou alface, escaldados, tornarão a ementa completa. Assim protege também as suas plantas de eventuais trincadelas. Alimente-os duas vezes por dia e se a sua mão se enganar e exagerar na dose, deverá retirar todo e qualquer excesso de alimento que não foi consumido no espaço de 5 minutos, com um aspirador. Lembre-se que os guppys têm uma boca pequena e um intestino bastante comprido, o que equivale a dizer que cerca de duas horas mais tarde já estão com fome, mas restos em demasia, que por preguiça (ou porque pensou que eles daqui a um bocado já comem) não retirou, é apenas um mau hábito que pode originar a perda da qualidade do aquário de que tanto gosta.

E médicos?

Apesar do facto de os guppys serem muito resistentes, as fêmeas grávidas ficam muito sensíveis ao frio (a temperatura deverá manter-se a 24ºC), e no caso de algum arrefecimento inoportuno, podemos ficar perante uma praga de íctio (ponto branco) ou mesmo fungos. Nestes casos deverá elevar um pouco a temperatura da água (cerca de 3ºc a 4ºC) do aquário e adicionar, por exemplo, sera-ectopur em conjunção com sera-costapur (de acordo com as instruções de cada um dos produtos) e o problema será debelado sem perdas..

Para as novas gerações

Não precisa de gastar muito dinheiro nem precisa de ser um cientista para criar guppys e desfrutar de toda a sua beleza em sua casa.
Tanto os principiantes como os mais experimentados podem apreciar e sentir a alegria da criação de um dos mais antigos companheiros do fascinante mundo aquático. O guppy manteve-se como ‘o peixe favorito’ durante muitos anos e assim acontecerá com as gerações (e porque não ainda a nossa?) que se seguem, que esperamos continuem a evoluir no sentido de sentirem cada vez mais respeito pelo mundo que nos rodeia ... com a ajuda do pequeno (mas sempre grande) Guppy!


Com algumas leituras pelo meio e o obrigado ao José Júlio, pelo sexo dos melanóforos...

marioadearaujo@gmail.com